O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde pública: pela primeira vez desde o início da pandemia, o número de mortes por dengue superou o de óbitos por Covid-19. Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados no último levantamento anual, a dengue foi responsável por mais mortes em 2024 do que o coronavírus, sinalizando um cenário alarmante para o país.
De acordo com o relatório oficial, enquanto a Covid-19 registrou uma desaceleração significativa em 2024, com a ampla cobertura vacinal e o controle da transmissão, a dengue seguiu um curso oposto. A doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, viu um aumento expressivo de casos e, consequentemente, de mortes. Especialistas alertam que fatores como as mudanças climáticas, períodos de chuva intensos e a falta de infraestrutura urbana contribuíram para a proliferação do vetor.
O avanço preocupante da dengue
Dados do Ministério mostram que, em 2024, o Brasil registrou mais de 2 milhões de casos confirmados de dengue, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. Entre as mortes, o crescimento foi ainda mais expressivo: foram mais de 1.700 óbitos atribuídos à doença, ultrapassando as mortes por Covid-19, que ficaram abaixo de 1.500 no mesmo período.
Regiões como o Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste foram as mais impactadas. Estados como Mato Grosso, São Paulo e Bahia lideraram os números de infecções e óbitos, levantando preocupações sobre a capacidade dos sistemas locais de saúde em lidar com a demanda.
Por que a dengue está matando mais?
Os especialistas apontam para diversos fatores que agravaram a situação da dengue em 2024. Entre eles, o aumento das temperaturas médias e as chuvas acima do esperado em várias regiões criaram condições ideais para o crescimento do mosquito Aedes aegypti. Além disso, falhas no combate aos focos de proliferação, associadas à negligência de políticas preventivas, deixaram a população ainda mais vulnerável.
Outro ponto relevante é a baixa percepção de risco. Com a queda nos casos de Covid-19, parte da população relaxou nos cuidados básicos de saúde e higiene, como evitar o acúmulo de água parada. Isso, somado à falta de campanhas educativas consistentes, resultou em um cenário de desinformação e descaso.
O que pode ser feito?
Para conter o avanço da dengue, é fundamental reforçar medidas preventivas, como a eliminação de criadouros, o uso de repelentes e a intensificação das campanhas de conscientização. As autoridades de saúde também precisam investir em ações de vigilância epidemiológica e no desenvolvimento de vacinas mais acessíveis à população.
Com o aumento expressivo de casos e mortes, fica evidente que a dengue não pode mais ser tratada como um problema sazonal. O Brasil precisa agir agora para evitar que a doença continue fazendo mais vítimas do que outras crises de saúde recentes.