Quatro meses atrás, a família de Luzimar S. Oliveira viveu o luto pela perda do pai da auxiliar de serviços por causa de um câncer. No fim da madrugada desta quarta-feira, pouco tempo depois, parentes e amigos de Luzimar voltam a ter contato com o sentimento de perda, pela morte dela.
Luzimar foi atingida no peito por volta das 4h30 de hoje, quando seguia para o trabalho de ônibus. O tiroteio aconteceu durante uma troca de tiros entre policiais militares que estavam à paisana no veículo e dois bandidos que anunciaram um assalto. Ela morreu no local e outras duas pessoas foram levadas baleadas ao Hospital Salgado Filho, no Méier.
“Ela ajudava todo mundo, pegava a roupa do corpo e dava. Se precisasse de qualquer coisa, ela ia para a casa dela e pegava. Sempre que precisei dela, ela nunca falou ‘não'”, conta o comerciante Alcemir Pereira da Silva, de 48 anos, primo de Luzimar.
“Deixou marido, dois filhos, um casal de netos, que levava todo dia para dançar balé, para o colégio. E agora? Os netos vão perguntar ‘aonde tá minha avó? Quem vai me levar para o colégio?'”, Alcemir lamenta, emocionado.
‘SAIU DE CASA 4H’
Moradora de Realengo, Luzimar deixou sua residência por volta das 4h desta quarta. Ela entrou no ônibus em um ponto já na Estrada Intendente, onde aconteceu o crime. Assim que subiu no veículo, os assaltantes pegaram a mesma condução, pagaram a passagem e anunciaram o assalto.
“Todo dia ela acordava cedo, a essa hora, com chuva ou com sol”, afirma Alcemir. “Mais uma trabalhadora, mais caras roubando trabalhadora, marmita de trabalhador, aonde a gente vai desse jeito assim?”, o comerciante questiona.
As marcas de tiros disparados pelos policiais e os bandidos ficaram por todo o ônibus, principalmente próximo ao motorista e na parte de trás do veículo. O filho da auxiliar de serviços gerais esteve no local e não soube imediatamente da morte da mãe.
“Ele achou que ela estava no hospital. Disse que se acontecer qualquer coisa com a mãe, ele vai junto”, diz o primo de Luzimar.