O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou por um episódio de mal-estar durante a madrugada desta sexta-feira (11), enquanto cumpria agenda política no interior do Rio Grande do Norte. O que mais chamou atenção no caso, no entanto, foi o fato de o próprio tratamento emergencial ter sido realizado por um ex-ministro seu — que, apesar de ser da área da saúde, é formado em medicina veterinária.
Segundo relatos publicados nas redes sociais pelo ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto (PL-PE), ele mesmo foi o responsável por administrar os medicamentos ao ex-presidente, sob orientação médica remota. A situação, no mínimo inusitada, gerou repercussão nas redes sociais e levantou questionamentos sobre a condução da saúde de figuras públicas.
O mal-estar começou ainda na madrugada, após Bolsonaro chegar à cidade de Santa Cruz, no interior potiguar, para participar de um evento partidário do PL. De acordo com Gilson Machado, o ex-presidente não conseguiu dormir e, por volta das 5h da manhã, pediu ajuda ao aliado.
“Chegamos aqui 1h30 da manhã. Ele passou a noite toda sem dormir. Às 5 horas me chamou no quarto. Eu peguei o telefone e liguei pro doutor Macedo. O doutor pediu para eu auscultar se ele estava com gases. Eu passei para o doutor Macedo o que ele me perguntou e pediu para eu aplicar o medicamento nele”, relatou Machado em vídeo publicado em suas redes sociais.
O médico mencionado, Dr. Antônio Luiz Macedo, é o cirurgião responsável pelos cuidados com Bolsonaro desde a facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018. Ele teria orientado o uso de um medicamento voltado ao tratamento de inflamações intestinais.
Após ser medicado por Machado, Bolsonaro ainda compareceu ao evento do PL em Santa Cruz, mas voltou a sentir-se mal e precisou ser transferido de helicóptero para Natal, capital do estado. O transporte foi realizado com apoio do governo do Rio Grande do Norte.
A participação de Gilson Machado como uma espécie de “enfermeiro improvisado” reaqueceu discussões sobre os limites de atuação de profissionais da área da saúde fora de sua formação específica. Formado em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Machado não possui habilitação para atender humanos — uma atribuição exclusiva da medicina tradicional. Ainda assim, a situação foi apresentada como uma medida emergencial e sob orientação médica especializada.
Gilson Machado ganhou notoriedade durante o governo Bolsonaro, inicialmente como presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo). Em 2020, foi alçado ao cargo de ministro do Turismo, posição que ocupou até o fim do mandato. Paralelamente à vida pública, é conhecido como sanfoneiro e empresário no setor turístico.
Apesar da visibilidade durante o governo Bolsonaro, sua carreira política até aqui não obteve vitórias expressivas nas urnas. Em 2020, Machado tentou se eleger prefeito do Recife, mas foi derrotado por João Campos (PSB). Em 2022, tentou uma vaga no Senado por Pernambuco, mas também não conseguiu se eleger.
O estado de saúde de Jair Bolsonaro segue sendo monitorado por sua equipe médica, e não há informações oficiais sobre necessidade de internação prolongada ou complicações mais sérias. Nas redes, apoiadores desejam pronta recuperação, enquanto opositores ironizam a condução do episódio.
A assessoria de Bolsonaro ainda não divulgou boletim médico oficial. O caso reacende debates sobre a exposição do ex-presidente a situações delicadas de saúde e a insistência em manter uma rotina intensa de viagens e agendas políticas, mesmo após enfrentar múltiplos episódios médicos nos últimos anos.
