Em um cenário alarmante que evoca os contornos de uma guerra civil não declarada, o Comando Vermelho (CV) emergiu como a facção dominante na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, suplantando as milícias que por anos impuseram sua lei sob vastas extensões da área. Segundo o mais recente estudo do Mapa dos Grupos Armados, realizado em colaboração com o Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), o CV agora controla impressionantes 51,9% do território metropolitano, uma soberania que abrange 466,65 quilômetros quadrados.
A mudança de guarda territorial não é um mero acidente geográfico, mas o resultado de uma expansão calculada pelo Comando Vermelho, especialmente notável na Baixada e no Leste fluminense—áreas que juntas representam 85% do território adquirido pela facção em 2023. Enquanto isso, as milícias viram seu domínio encolher para 38,9%, marcando uma redução de 19,3% em comparação com anos anteriores.
As outras organizações criminosas, como o Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigos dos Amigos (ADA), também enfrentaram reveses significativos, com reduções em suas áreas de controle de 13% e 16,7%, respectivamente. Este cenário sublinha uma reconfiguração dramática das dinâmicas de poder ilegal na região, deslocando o equilíbrio de forças e redessenhando o mapa do crime organizado no Rio.
**Domínio nas Capitais e Expansão Territorial**
Nas zonas mais centrais do Rio, as milícias ainda mantêm uma presença robusta. Com 66,2% dos 155,33 km² sob controle de grupos armados localizados na capital, eles dominam principalmente a Zona Oeste—um bastião onde sua influência atinge 83,1%. Por outro lado, o Comando Vermelho tem uma presença marcante nas Zonas Norte (60,5%), Sul (94,7%) e Central (63,6%), evidenciando sua expansão agressiva além de seus redutos tradicionais.
Desde a instauração da CPI das Milícias em 2008 pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o território controlado por grupos armados cresceu 105,73% apenas em áreas urbanas habitadas. A milícia, especificamente, viu seu domínio aumentar em 204,6%, mais do que triplicando sua extensão territorial. Em contraste, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro expandiram-se em 89,2% e 79,1%, respectivamente, enquanto os Amigos dos Amigos sofreram uma queda catastrófica de 75,8% em seu território.
**Dinâmica na Baixada Fluminense e Leste Metropolitano**
A Baixada Fluminense, tradicionalmente um campo de batalha entre milícia e CV, testemunhou uma virada dramática em 2023. Após uma queda de 22,5% em seu domínio, a milícia cedeu a liderança para o Comando Vermelho, que agora reina sobre a maioria das áreas. O TCP, embora menor em escopo, concentra a maioria de suas áreas na Baixada, destacando-se com um aumento de 296,3% em seus territórios desde 2008.
No Leste Metropolitano, a história é ainda mais unilateral. O Comando Vermelho solidificou seu domínio, controlando 97,4% dos 111,04 km² de território dominado por grupos armados. Esta hegemonia absoluta ilustra a força e a penetração estratégica da facção na região.
A situação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro reflete um complexo mosaico de poder e influência, onde a lei do mais forte prevalece sobre a ordem civil. A ascensão do Comando Vermelho não apenas redefine o panorama criminal local, mas também impõe sérios desafios para a seg



