Ser um Policial Militar no Rio de Janeiro não é fácil. Isso todo mundo já sabe, porém, a quantidade de policiais afastados por conta de problemas psicológicos impressiona, são mais de mil que sofrem as consequências, entre medos, fobias no estressante dia a dia. O programa Edição das Seis da Globo News apresentou uma pesquisa que aponta que 1,3 mil PMs foram afastados do trabalho por problemas psicológicos em 2018.
A correria diária da corporação em que são submetidos a combater criminosos perigosos e situações bastante adversas foram alguns dos fatores apontados pelo levantamento. A PM do Rio tem 43.900 agentes na ativa. Somente no ano passado, foram realizados 30.422 atendimentos psicológicos ou psiquiátricos em agentes da corporação.
A licença médica foi solicitada por 1.320 PMs, tendo em sua maioria policiais com problemas psicológicos.
“No Brasil e no RJ em especial o policial tá sujeito a todas as pressões de tudo o que não deu certo na sociedade. É importante a gente ter noção da cobrança que cai sobre o policial. O policial também é um ser humano. Se a gente não tiver essa consciência, vai sobrar pro policial e a polícia não pode dar conta de tudo”, disse o tenente coronel Fernando Derenusson – chefe do Núcleo Central de Psicologia da PMERJ.
Números da PM:
1.320 policiais militares com licença médica em decorrência de problemas de saúde (2018)
567 casos ocorreram por reações ao estresse grave e transtorno de adaptação
152 casos de depressão
118 casos por transtorno de ansiedade
105 casos por transtorno misto depressivo e ansioso
91 casos por transtornos de pânico
Mesmo com números consideráveis, o oficial considera que o saldo ainda é positivo.
“Considero que a nossa tropa é muito resiliente. O que a gente enfrenta, carga horaria, nível de combate pior do que muitas guerras, nível de fatalidade. Todos os policiais perdem colegas todo ano. Então considero que temos uma tropa muito resiliente”, afirmou.
Para o chefe do Núcleo Central de Psicologia da PMERJ o trabalho no Estado pode provocar depressão e outros problemas psicológicos.
“Quando a gente acha que vai dar conta de tudo, ocorre casos como esse. O indivíduo pode acabar vindo a explodir, ou para fora, tendo um ataque como esse ou internamente, implode. Pode entrar em depressão”, comentou.
Para quem pretende tornar-se um policial militar, será necessário prestar vários exames entre eles uma avaliação com um psicólogo em que serão apontados possíveis traços e características relativas à sua personalidade compatíveis com o cargo.
Além da avaliação psicológica de entrada, também existe o serviço de atenção à saúde do policial com o objetivo de prevenir problemas futuros. Porém só 25% da tropa passa por essa avaliação.
“Nesse exame eu costumo dizer que a gente desarma muitas bombas. Porque se a gente deixa o policial sem nenhum tipo de acompanhamento, existe o estresse pós-traumático, mas também o estresse crônico”, disse o tenente coronel.
Fonte: G1.