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HOMOFOBIA NA REDE / SÉRIE DE OFENSAS E AMEAÇAS EM POSTAGEM DA PREFEITURA DE CABO FRIO GERAM REVOLTA E VIRA CASO DE POLÍCIA
Um dos comentários estimulava homicídios contra homossexuais durante a Parada LGBT+ realizada no município durante o último domingo (8)
Enquanto algumas pessoas apoiavam a realização do encontro que prega justamente o respeito entre as diferenças, outras aproveitaram a postagem para destilar ódio e preconceito de forma explícita e sem o menor constrangimento.
De todos os insultos e intimidações, o que mais causou revolta foi o de Isaias Cruz da Silva, que convocava “snaipers” (atiradores de elite) para executar os participantes do evento: “Atenção snaips*, a caça tá liberada amanhã em Cabo Frio… sem dó!”, declarou o morador de Tamoios, no segundo distrito de Cabo Frio.
Marcio Paixão, sociólogo com mestrando em Sociologia e Antropologia da UFRJ, repudiou o episódio e registrou uma ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro para que as medidas legais cabíveis sejam tomadas:
“Apesar de todas as contradições das instituições de Justiça no país, eu quero deixar bem claro para todos que diretamente, como no caso do Isaias, ou indiretamente, os que batem palma e curtem as postagens de gente como ele, que os nossos corpos LGBTQI+ não estão no mundo como presas a serem caçadas. Nossos corpos também são autônomos, livres e precisam estar resguardados e amparados pelos instrumentos institucionais do Estado brasileiro como são os de vocês, cisgêneros e héteros. HOMOFOBIA É CRIME (Lei 7. 716/1989). Parabéns a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro pelo atendimento e acolhimento humanizado que me deram, sobretudo o delegado Gilbert Uzeda e a Inspetora de polícia Maria Cristina de Queiroz. Seguimos na luta. Dia 1º de outubro estarei no Ministério Público onde vou mover uma ação na área cível” – detalhou Marcio, que complementou:
“Quero tornar essa ação pública como um instrumento político, para que a sociedade revisite seus preconceitos tendo consciência de que suas ações podem sim sofrer penalizações jurídicas. É óbvio que tenho consciência que esse é um problema estrutural que precisa de uma série de outras ações institucionais para sanar esse problema; como uma educação que inclua as questões de identidade de gênero nas salas de aula, por exemplo. Mas não posso abrir mão dos instrumentos jurídicos para resguardar a mim e a todo grupo LGBTQI+. Elas existem, e é fruto de muita luta e resistência, por isso fui a delegacia de crimes raciais e intolerância” – concluiu.
Rodolpho Campbell, coordenador da Parada do Orgulho LGBTI+ de Cabo Frio, também não escondeu a tristeza e indignação coma série de ofensas proferidas contra o público LGBTI+, e também tomará medidas legais para que os autores das ofensas e ameaças sejam punidos:
“Infelizmente não consegui hoje (segunda/9), por condições físicas, ir à delegacia fazer o Registro de Ocorrência contra um infeliz ser humano que nos ameaçou de execução em massa. Amanhã (terça/10), irei até a delegacia na parte da manhã e darei informes a todos vocês. Intolerantes e homofóbicos não passarão” – declarou Rodolpho Campbell.