O quadro de saúde do catador de papel Luciano Macedo, de 27 anos, piorou nesta terça-feira. A informação é do ativista social Antônio Carlos Costa, presidente e fundador da ONG que está prestando auxílio à família, o Rio de Paz. Ele afirmou que visitou o Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte, com a mãe da vítima. O rapaz foi baleado enquanto tentava ajudar a família de Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, que foi morto fuzilado pelo Exército com 82 disparos. Ele estava indo para um chá de bebê com a família.
— Conversei com o médico plantonista e o estado dele é crítico. Agora, ele está com febre, o que preocupou a equipe — afirmou Antônio.
Luciano — cuja mulher, Daiana Horrara, está grávida de cinco meses — tem uma tatuagem do nome da mãe, Aparecida Macedo, de 58 anos, no braço. Antônio conta que ela passou os 40 minutos da visita chorando e acareciando o filho baleado. A família ficou ainda mais abalada quando, nesta segunda-feira, um boato surgiu nas redes sociais de que Luciano havia morrido.
— Elas estão na casa de uma amiga, sendo aparadas. Aparecida é auxiliar de serviços gerais, mas não consegue trabalhar por conta da saúde do filho — diz Antônio.
Oficial deu o primeiro tiro
O tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, único oficial entre os nove militares presos pelo fuzilamento do músico Evaldo, foi o primeiro dos agentes a abrir fogo contra o carro onde a vítima estava com sua família. A informação veio à tona nos depoimentos dos militares ao Exército, prestados na madrugada do último domingo, antes de os agentes serem presos em flagrante pelo Exército. Os outros oito agentes que admitiram ter feito disparos disseram que só apertaram o gatilho depois que o agente de patente mais alta atirou. Os militares também alegaram ter ouvidos barulhos semelhantes a disparos antes de começarem a atirar.
Na última quarta-feira, os nove agentes que admitiram ter feito os disparos tiveram a prisão preventiva decretada pela juíza Mariana Queiroz Aquino Campos, da 1ª Auditoria Militar do Rio. Por decisão da magistrada, o soldado Leonardo Delfino Costa, único entre os militares a afirmar que não fez disparos, foi solto. A perícia feita pela Polícia Civil no carro encontrou marcas de mais de 80 disparos no carro do músico. Não havia armas ou drogas no veículo.
Em seus depoimentos, todos os militares afirmaram que confundiram o carro do médico com um outro veículo cujos ocupantes haviam trocado tiros com os agentes na manhã do mesmo dia. Ainda segundo os relatos, o confronto aconteceu por volta das 11h da manhã e deixou marcas de tiros nos blindados usados pelo grupo. Após a troca de tiros, o grupo foi almoçar e voltou ao mesmo local na parte da tarde. O crime aconteceu pouco depois das 15h.