O templo religioso de Candomblé de Pai Ogunzinho, invadido e depredado por traficantes em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, há cerca de duas semanas, tornou-se uma espécie de Centro de Operações do Tráfico.
Segundo informações dos frequentadores, os bandidos vem impedindo cultos religiosos de matriz africana nas imediações da Favela Buraco do Boi, que é controlada por uma organização criminosa.
Os traficantes pixaram o muro do “QG” com os dizeres: “Jesus é o dono do lugar”. Um frequentador declarou que só haverá possibilidade de retorno às atividades caso a polícia intervenha.
O terreiro pertence a Pai Ogunzinho, de 61 anos, está no local há cerca de 15 anos e sempre conviveu bem com a vizinhança.
Os problemas começaram em 2017, quando o tráfico avançou pelo bairro. Naquele ano houve a primeira depredação: imagens de santos foram destruídas. Eles foram informados que poderiam frequentar o bairro caso interrompessem as atividades religiosas.
O presidente da comissão legislativa, deputado Carlos Minc (PSB), solicitou à Decradi e ao Ministério Público que atuem para desocupar o terreiro. E que apurem a relação desta ação — e de várias outras similares registradas no Rio — com traficantes convertidos, por conveniência, dentro das prisões.
A proibição do Candomblé imposta pelo tráfico parte de uma facção específica é um problema de mais de uma década nas favelas do Rio.