𝘿𝙤𝙣𝙤 𝙙𝙚 𝙜𝙖𝙡𝙥𝙖̃𝙤 𝙘𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙩𝙖 𝙥𝙞𝙨𝙩𝙤𝙡𝙚𝙞𝙧𝙤𝙨 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙢𝙖𝙩𝙖𝙧 𝙡𝙤𝙘𝙖𝙩𝙖́𝙧𝙞𝙤 𝙚 𝙫𝙞́𝙩𝙞𝙢𝙖 𝙨𝙤𝙗𝙧𝙚𝙫𝙞𝙫𝙚 𝙖 𝙤𝙣𝙯𝙚 𝙩𝙞𝙧𝙤𝙨 𝙚𝙢 𝙎𝙖𝙦𝙪𝙖𝙧𝙚𝙢𝙖 / 𝙍𝙅
Uma desavença entre o dono de um galpão e um empresário, que alugava o espaço para colocar em funcionamento sua academia de crossfit, se transformou num crime violento e planejado que, durante dias, intrigou os moradores da cidade de Saquarema, na Região dos Lagos. Eram por volta de 11h40m do dia 17 de junho, quando Márcio Zukoff saía de sua residência na Avenida Ministro Salgado Filho, na orla do município, para pegar um carro de serviço de aplicativo. Pouco depois de entrar no veículo, ele foi surpreendido por dois homens num Audi preto, que dispararam diversas vezes contra ele. Com pelo menos onze perfurações no corpo, Márcio foi levado ao hospital em estado grave, mas sobreviveu aos tiros.
No dia do crime, a 124ªDP (Saquarema) já começou a ouvir testemunhas para descobrir quem teria encomendado o assassinato do empresário. Nos depoimentos, os investigadores receberam diversas informações sobre uma briga entre Márcio e Marcos de Azevedo, de 50 anos, dono do espaço onde funciona sua academia. De acordo com as oitivas, a vítima devia aluguéis e estaria fazendo mudanças estruturais no imóvel sem a autorização do proprietário, o que vinha causando uma série de desentendimentos entre os dois. O maior deles, algumas semanas antes do crime, foi quando Márcio, a vítima dos disparos, foi até Marcos com uma arma, ameaçando-o. Para a polícia, a família de Márcio afirmou que tratava-se apenas de uma pistola de airsoft.
Pagamento de R$ 10 mil mais o Audi usado na emboscada
Foi depois de registrar queixa contra Márcio e mover uma ação judicial contar ele, que Marcos, então, de acordo com a investigação da polícia, passou a arquitetar o plano para matá-lo. A trama começou a ser descoberta há cerca de dez dias, quando policiais conseguiram prender Bruno de Oliveira, de 35 anos: detido por tentar matar o atual parceiro de uma ex-namorada, ele acabou também confessando ter atirado contra Márcio Zukoff com dois revólveres em junho.
— Ele (Marcos) ofereceu R$ 10 mil para um homem (Magno da Silva Macedo, de 35 anos) que estava fazendo um serviço na laje da casa dele. O homem aceitou e chamou um amigo para participar do crime. O Marcos disse, então, que arrumaria o carro, um Audi escuro, e que, após o crime, eles poderiam ficar com o veículo. Dias depois, ele entregou o carro à dupla e passou em frente à casa de Márcio, onde também mostrou uma foto do alvo, para que eles não cometessem nenhum erro — contou a delegada titular Janaína Peregrino, à frente da investigação.
Pistoleiros receberam menos porque vítima não morreu
Os detalhes do carro foram obtidos através do relato de testemunhas. A polícia em seguida levantou as câmeras de segurança de várias ruas por onde os criminosos poderiam ter escolhido como rota de fuga, e, levantando as imagens, descobriram que o veículo saiu da cidade rumo a Araruama. Foi com a prisão de Bruno por outro crime, e por sua confissão de ter atirado contra Márcio, no entanto, que a polícia então passou a ter maior convicção da participação de Marcos no crime. Foi feita quebra de sigilo telefônico no celular do dono do galpão e, apesar de ele ter apagado os arquivos, a polícia conseguiu resgatar, através de um software, fotos feitas por ele do Audi utilizado na empreitada em sua garagem, documentos do veículo ainda com cor e placa original, e até um vídeo em 360 graus.
— Nós reunimos as imagens dos circuitos de segurança, vinculamos ele ao carro usado no crime e conseguimos a confissão de um dos executores, que contou, inclusive, que como o Márcio não morreu, o mandante pagou só R$ 3 mil, por parte do serviço. Quando ele estava internado em estado grave, ele contou ainda que, caso o empresário morresse, havia acordo para que o restante fosse pago — acrescentou a delegada.