Afim de alertar a população para o tipo de câncer mais frequente no país, o de pele, especialistas fazem um alerta que pode ajudar a frear o aparecimento de novos casos e, ao mesmo tempo, na identificação precoce da doença, aumentando os percentuais de cura. Números do Inca reforçam a importância da prevenção do câncer de mama não-melanoma: a estimativa é o total de 165.580, sendo 85.170 homens e 80.410 mulheres (2018). No entanto, além de conhecer os sintomas, é crucial se prevenir e saber os fatores de risco, pois ambos salvam vidas.
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O câncer de pele não melanoma é o tipo mais recorrente entre os tumores malignos identificados – representando 30% do total de casos no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A doença apresenta sintomas silenciosos: lesões na pele com demora de mais de quatro semanas na cicatrização, variação na cor de sinais pré-existentes e manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram.
A médica Adriana Scheliga, da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico, faz um panorama da doença.
1. O que é o câncer de pele? É a neoplasia maligna mais comum e mais frequente no mundo. Ela é mais incidente em pacientes com grande exposição solar, que é o principal fator causal da doença, que, de um modo geral, é separado em dois tipos principais: O não melanoma e o melanoma.
2. Como ele é causado? O fator etiológico principal é a exposição excessiva ao sol. Por isso, ele é incomum em crianças. Também por isso, é mais frequente depois de determinada idade, em virtude de tempo de exposição ao sol. Pessoas de pele mais clara, de regiões mais ao norte do mundo, países nórdicos, como Suécia, Finlândia, Noruega, acabam tendo uma incidência maior, em virtude da maior exposição ao sol.
3. Quais são os sintomas primários? Esses sinais são relacionados às áreas expostas e às que têm o tumor. As áreas mais expostas ao sol (face, tronco, membros superiores e inferiores) podem apresentar tumores. Contudo, face, rosto e orelha e a região do pescoço e tórax anterior são as regiões mais frequentemente acometidas pelos tumores, que se apresentam de forma, tamanho e cores diferentes, sendo que, se uma lesão cutânea cresce, muda de cor, sangra, tem alterações no formato, descasca, coça, ela precisa ser imediatamente avaliada por um dermatologista.
4. Quais são os tipos e como eles se caracterizam? Os mais frequentes são os tumores não melanoma e o melanoma. Felizmente, os tumores não melanomas, principalmente os carcinomas epidermóide e basocelular, são os mais incidentes e, frequentemente, o tratamento é única e exclusivamente cirurgia. Assim, quanto menor a lesão mais simples é o procedimento. Já os tumores chamados melanoma vão depender da extensão, da profundidade, da localização, se apresentam ou não metástase, essa doença tem uma característica mais agressiva, mas, felizmente, é menos frequente.
5. Qual é a diferença entre os raios UVA e UVB? Elas significam radiações ultravioletas A e B, que são radiações ionizantes emitidas pelo sol. As A penetram mais profundamente na pele. Já as B penetram menos profundamente. O período de maior intensidade dessas ondas é de 10h às 16h. Logo, é importante saber que esse é o horário mais crítico, ou seja, que tem a maior quantidade de raios ultravioletas A. Tamém por isso, é o período mais arriscado para exposição solar, que está intensa, principalmente, radiação ultravioleta A.
6. Os dois são causadores do câncer de pele? Ambos podem causar câncer de pele. A diferença é que a B penetra mais superficialmente na pele e é responsável pela vermelhidão após a exposição solar.
7. Como é um exame para diagnosticar câncer de pele? O diagnóstico definitivo é feito, geralmente, por meio de biópsia, que deve ser feita por um profissional que tenha especialidade em avaliação de tumores de pele. Isso porque é importante ir além de avaliação médica dermatológica, clínica, a olho nu, também feita por meio da dermatoscopia, aparelho que aumenta e permite visualizar algumas características olho nu.
8. Qual é a frequência em que os exames devem ser feitos? A frequência vai depender do tipo, irá variar de caso a caso. Se for o carcinoma basocelular (o mais frequente, o mais comum, quando se fala em tumor de pele), uma vez que ele é ressecado e não tem mais margens comprometidas, não há mais o que ser feito, o tratamento está realizado. Se for um melanoma, vai depender de uma série de fatores (localização, profundidade, entre outros).
9. Existem grupos de risco? A cor da pele (mais claras têm maior incidência), a quantidade de exposição solar, histórico familiar, principalmente, o melanoma, além de alguns pacientes submetidos a certos tipos de tratamentos, como transplantes de medula óssea e de rim e que, necessariamente, usarão drogas chamadas de imunossupressoras.
10. Como é o tratamento? Será determinado pelo tipo de tumor (se melanoma ou não melanoma), a localização, a extensão e a frequência – por exemplo, se for um tumor recidivante, se o paciente for tratado e caso tenha uma recidiva local, dependendo, alguns tratamentos como radioterapia podem ser necessários. Ou, ainda, se o paciente tem doença metastática, ele precisará de imunoterapia e quimioterapia, vai depender de cada caso.
11. Medicamentos podem alterar a sensibilidade ao sol? Algumas drogas quimioterápicas não podem ser expostas ao sol. Há quimioterapias que podem aumentar a sensibilidade ao sol. Por exemplo, a bleomicina, utilizada em alguns linfomas e tumores de testículo, que devem ser evitadas ao máximo a exposição solar, uma vez que aumentam a sensibilidade ao sol.