Dos 1.494 presos do Rio de Janeiro que receberam o benefício da saída temporária para as festas de fim de ano, 196 não retornaram às unidades prisionais no prazo estipulado, que se encerrou no último dia 30 de dezembro. Entre os ausentes, está um nome de destaque: Macarrão do Antares, apontado pelas autoridades como uma das principais lideranças da facção criminosa Comando Vermelho.
O benefício da saída temporária, previsto na Lei de Execução Penal, é concedido a detentos em regime semiaberto que apresentam bom comportamento e cumprem outros requisitos estabelecidos pela Justiça. O objetivo da medida é permitir a ressocialização gradual dos apenados, proporcionando momentos de convivência com seus familiares em datas comemorativas. Contudo, os dados deste ano acendem o alerta sobre o aumento da evasão.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), a taxa de presos que não retornaram, cerca de 13% do total, representa um desafio significativo para o sistema de segurança pública. Operações já estão em curso para localizar os foragidos, e a Polícia Civil trabalha em conjunto com a Polícia Militar para intensificar as buscas.
Macarrão do Antares na lista de evasões
Um dos casos mais preocupantes é o de Macarrão do Antares, cujo nome verdadeiro não foi divulgado pelas autoridades. Apontado como uma das lideranças do Comando Vermelho na Zona Oeste do Rio, ele já era monitorado de perto pelas forças de segurança. Sua ausência reforça temores sobre o possível uso do benefício como estratégia para reorganização criminosa fora das grades.
Macarrão é conhecido por comandar o tráfico de drogas na comunidade do Antares, em Santa Cruz, além de ser suspeito de envolvimento em diversos crimes graves, como homicídios e roubos. Sua não apresentação após o prazo de retorno aumenta a sensação de insegurança na região e expõe lacunas na aplicação do benefício.
Impacto na segurança pública
Especialistas afirmam que a saída temporária, embora importante no contexto da ressocialização, precisa ser acompanhada de mecanismos mais rígidos de monitoramento, como o uso de tornozeleiras eletrônicas e maior fiscalização no retorno. “Quando líderes do crime organizado aproveitam essa brecha para continuar suas atividades ilícitas, a sociedade é diretamente impactada”, alerta o sociólogo Marcos Nunes.
A Seap reforçou que a concessão da saída temporária é baseada em decisões judiciais e que medidas para reduzir os índices de evasão estão sendo estudadas. No entanto, o número elevado de detentos que não retornaram ao sistema prisional neste fim de ano preocupa a população e reacende o debate sobre as falhas no sistema penitenciário brasileiro.
As buscas pelos foragidos seguem em curso e contam com o apoio de denúncias anônimas pelo Disque-Denúncia, que oferece recompensas por informações que levem à localização dos fugitivos.