Funcionários dos hospitais de campanha do governo do estado denunciam que a Secretaria de Saúde retirou equipamentos e não forneceu condições de trabalho no plantão da madrugada deste sábado (18).
O contrato com a Organização Social (OS) Iabas se encerrou, e, por isso, o governo decidiu nesta sexta-feira (17) esvaziar as tendas do Maracanã e de São Gonçalo — as únicas abertas das sete prometidas pelo governador Wilson Witzel.
O RJ1 apurou que, até a última atualização desta reportagem, havia apenas um paciente em São Gonçalo — os demais, mesmo os mais graves, foram transferidos. A realocação desrespeitou uma decisão da Justiça.
“Eles acabaram com toda a estrutura do hospital”, afirmou uma funcionária. “Mas obrigaram as pessoas a continuar lá sem dar um suporte.”
Segundo essa funcionária, “arrancaram os pontos da parede, a marcação de pontos e a biometria”.
“Uma enfermeira que passou a noite lá me falou que não tinha onde dormir, não tinha mais capote, tinha que reutilizar”, emendou.
Em São Gonçalo, de acordo com outra funcionária, o hospital de campanha estava “parado”.
“Toda a estrutura parada. Aparelhos desligados. E hoje um CTI com dez leitos conta apenas com uma paciente”, disse.
Justiça mandou deixar aberto
A Justiça determinou ainda nesta sexta que os hospitais de campanha sigam abertos e recebam pacientes, impedindo transferências.
Mas, dos 34 internados, somente um em São Gonçalo aguardava a realocação.
Na manhã deste sábado, o movimento foi pequeno em frente ao Maracanã.
Numa placa que anuncia a central de atendimento contra o coronavírus, alguém escreveu, em tom de protesto: “Cadê o salário?”.
Nesta sexta, profissionais foram informados, na troca de plantão, que seriam demitidos e que a unidade estava sendo fechada. Houve protestos ao longo do dia. Médicos, enfermeiros e técnicos estão com salários atrasados.
“Demos o melhor de nós lá dentro, muitos amigos se contaminaram, e a gente está aqui com uma mão na frente e outra atrás!”, disse a enfermeira Thayzi Jeani.
Atraso e intervenção
Durante o período da pandemia, as unidades tiveram atrasos na entrega das obras e problemas de gestão.
Os hospitais de campanha administrados pelo Iabas estavam sob intervenção do estado desde o início de junho.
A OS afirma que solicitou a rescisão do contrato na terça-feira (14), mas não pediu o fechamento das unidades.
Já a Secretaria Estadual de Saúde informou que a remoção dos pacientes foi “uma medida preventiva” e negou fechar as unidades — mas não deu prazo para reabri-las.
O contrato com o Iabas foi firmado por R$ 835 milhões, dos quais R$ 256 milhões foram pagos.