RIO – A Secretaria de Estado de Educação do Rio abriu sindicância para apurar a realização de uma atividade em uma feira de ciências na Escola Estadual Miécimo da Silva, localizada em Campo Grande,
em fotos publicadas em redes sociais, alguns alunos aparecem vestidos de médicos com o símbolo nazista no jaleco e outros encenam ser vítimas do Holocausto, com o corpo coberto de tinta vermelha. Sobre o cenário, uma faixa com os dizeres “laboratório nazista”.
As informações sobre a atividade chegaram à Secretaria por meio de uma solicitação da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj). Além de instaurar a sindicância, o órgão decidiu afastar temporariamente a professora que coordenou o trabalho. A pasta também notificou o Facebook para retirar do ar uma publicação feita por um dos alunos sobre a exposição.
“A Secretaria de Estado de Educação informa que repudia veementemente qualquer tipo de orientação ou apologia que enalteça o nazismo, que induza ao preconceito ou discriminação, que viole os direitos humanos e que vá contra aos princípios previstos na Legislação Brasileira”, escreveu o órgão em nota.
Diretor da Fierj, Paulo Maltz contou que as fotografias foram recebidas pelo canal de denúncias anônimas mantido pela Federação, por isso o caso ainda está sendo apurado antes que medidas legais sejam tomadas. A Federação já se reuniu com a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro.
— O colégio tem alunos e professores de origem judaica, que fotografaram o estande e fizeram a denúncia — contou Maltz. — Qualquer propaganda nazista é proibida no Brasil. É considerada crime pela lei. Nós estamos estudando outras medidas de caráter legal, mas precisamos apurar melhor os fatos, até por envolver menores de idade.
O grêmio do Centro Interescolar Estadual Miécimo da Silva informou, em nota:
“Não compactuamos e repudiamos quaisquer atos de discriminação, genocídio, bullying, agressões físicas, verbais ou psicológica, tal como qualquer Instituição, pessoa física ou pessoa pública, que reproduza discursos velados e/ou vedados em preconceito (…)”.
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Segundo o grêmio, é importante que o tema abordado na feira seja discutido, assim como outros temas que tratam de sexualidade, gênero, deficiência, política, cultura. “É preciso lembrar e discutir para que não se repita, pela onda crescente de grupos autodeclarados neonazistas na conjuntura mundial (…) Os acontecidos do Holocausto são feridas recentes com menos de 100 anos que ainda estão a cicatrizar. Reconhecendo tamanha dor da Comunidade Israelita, deixamos claro a nossa solidariedade e as nossas sinceras desculpas àqueles que se sentiram ofendidos de alguma forma pelas fotos tiradas fora de contexto”, informa a nota.
– Como todos os projetos que nós fazemos, gostamos de trazer uma contextualização para tornar mais real. Nesse caso específico, para os experimentos que aconteceram durante o nazismo. Eu me reuni com a turma e também com pessoas que tiveram a oportunidade de assistir à apresentação e todos tiveram o mesmo posicionamento e impressão. Para eles, o intuito do trabalho era mostrar os horrores que os nazistas fizeram em nome da medicina, mostrando o retrocesso criado por eles e também que não houve absolutamente nada benéfico nos experimentos realizados durante o nazismo – afirmou o presidente do grêmio, Alvair Simons.