Luto no mundo do samba! Portela lamenta a morte
de seu Presidente de Honra, Mestre Monarco
É com tristeza profunda que a Portela informa a morte de nosso Presidente de Honra, Monarco, aos 88 anos. O Mestre estava internado desde o mês de novembro no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde se internou para fazer uma cirurgia no intestino. Infelizmente, não resistiu à complicações. Ele deixa esposa, filho, netos e uma legião de fãs e admiradores. Por enquanto, não há informações sobre velório e enterro do corpo.
Os versos cantados por Dona Ivone Lara na despedida de Silas de Oliveira na canção “Adeus de um poeta” bem cabem ao sentimento que o mundo do samba sente agora. “Por nós tu não terias ido agora/ É doloroso/ Todo o samba chora (…)/ É triste mas foi mais um bamba/ Que o mundo do samba Perdeu!”
Nesta sexta-feira, 10, Monarco foi homenageado durante a inauguração da Sala de Troféus da Portela, que leva seu nome.
Sua última apresentação em público foi onde mais gostava de cantar, em casa, na quadra da Majestade do Samba! Na ocasião, participou da edição de outubro da Feijoada da Família Portelense ao lado de seus companheiros de estrada e de vida da Velha Guarda Show.
Nascido na Zona Norte do Rio, Hildemar Diniz, nome de batismo, mais conhecido como Monarco, nasceu no bairro de Cavalcante, e no início da adolescência, foi residir em Oswaldo Cruz. Ainda muito novo, ganhou o apelido de Monarco, quando começou a frequentar blocos do bairro onde morava, fazendo participações nos sambas, já mostrando seu dom de compor ainda garoto.
Não demorou muito para que o jovem, com suas letras e melodias chegasse à Majestade do Samba. Em 1950, com apenas 17 anos, chegou à Ala de Compositores da escola. O que ele não sabia é que esse seria o início de sua carreira como um dos maiores compositores do mundo do samba. Apesar da pouca idade, Monarco já participava ativamente da Ala de Compositores da agremiação.
Vinte anos após sua chegada na Azul e Branco de Oswaldo Cruz e Madureira, o compositor emplacou seu primeiro disco no ano de 1976. O álbum, que contou com a participação de Paulo da Portela, tem canções emblemáticas como “Glórias do Samba”, “O Quitandeiro” e “Lenço”. Em 1980, lançou seu segundo disco “Terreiro”, que o levou a um de seus grandes sucessos que virou samba exaltação na Majestade do Samba, a canção “Passado de Glória” levou os portelenses ao delírio, se tornando um samba aclamado por toda comunidade. Outra canção marcante deste mesmo álbum, é a “Homenagem à Velha Guarda”, em que fala sobre alguns grandes ícones da Azul e Branco de Oswaldo Cruz e Madureira, reverenciando os bairros abrangentes da escola e como o samba na Portela nasceu.
Com seis álbuns no mercado fonográfico e inúmeras participações com grandes nomes da música brasileira como, Marisa Monte, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e entre outros, o Baluarte da Portela deixa seu legado de mais de 70 anos na história do samba.
Em 1999, ao lado de seus companheiros da Velha Guarda, participou do álbum de Marisa Monte “Tudo Azul”. Em 2008 estrelou o documentário “O Mistério do Samba” que traz a história e o cotidiano da Velha Guarda da Portela. Em 2010 gravou seu primeiro DVD, “Monarco: A Memória do Samba”. Dois anos depois lançou “Passado de Glória – Monarco 80 anos”, álbum que lhe rendeu o Prêmio da Música Brasileira, na categoria “Melhor Álbum de Samba”. Em 2019 recebeu indicação Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode com o projeto ” De Todos os Tempos “.
O Mestre fez articulações na Majestade do Samba, em 2013, com o objetivo de mudar a direção da escola de coração, que passava por problemas de gestão. Na ocasião, a chapa Portela Verdade, encabeçada por Serginho Procópio como presidente e, Marcos Falcon, como vice, foi a campeã daquela eleição, derrotando o então ex-presidente da Portela (Nilo Figueiredo). Após essa conquista, Monarco tornou-se Presidente de Honra da Escola.
Em 2021, após completar seu protocolo de vacinação, retornou ao palco da Portela com um show especial junto com os outros integrantes da Velha Guarda Show. E, este mês ganhou uma versão em desenho animado, ao lado dos companheiros no curta “Senhor do Trem”, idealizado pela Rede Carioca de Rodas de Samba, com roteiro de Aída Queiroz.
O presidente Luis Carlos Magalhães, o vice-presidente Fábio Pavão, a Velha Guarda Show da Portela, a Galeria da Velha Guarda e toda a diretoria da Majestade do Samba lamentam o falecimento e se solidarizam com os familiares, amigos e fãs.