Um bombeiro militar do Rio foi preso nesta segunda-feira (16) durante operação da Polícia Federal em Campos, no Norte Fluminense, contra suspeitos de financiar atos antidemocráticos após o segundo turno das eleições presidenciais, assim como das ações terroristas ocorridas em Brasília, em que manifestantes bolsonaristas invadiram o Congresso Nacional, Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na ação,
celulares, computadores e documentos diversos foram apreendidos. Outras duas pessoas com mandado de prisão temporária em aberto ainda não foram localizadas.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio informou que acompanha de perto a operação da Polícia Federal e segue ao dispor das autoridades para colaborar nas investigações.
O militar é o subtenente Roberto Henrique de Souza Júnior, 52 anos, que atua em Guarus, no Norte Flumiense, e atuava há 33 anos na profisão. Ainda segundo a corporação, ele está preso conforme decisão judicial e será conduzido, ainda nesta segunda-feira (16), ao Grupamento Especial Prisional da (GEP), em São Cristóvão, onde ficará à disposição da Justiça.
“O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro repudia veementemente quaisquer atos que ameacem o Estado Democrático de Direito. Será instaurado, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar a participação do bombeiro da corporação em ataques contra o patrimônio público e em associações criminosas visando à incitação contra os poderes institucionais estabelecidos, o que é inadmissível”, afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.
O subtenente Roberto Henrique foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018. Ele disputou pelo partido Patriota, partido ligado a base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob o nome de Júnior Bombeiro. Ele teve apenas 1.260 votos.
De acordo com a PF, a investigação iniciou com o fim de identificar lideranças locais que bloquearam as rodovias que transpassam o município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a organização das manifestações vistas em frente aos quartéis do Exército na cidade e, por último, a participação dos investigados e de outras lideranças na organização e financiamento dos atos que desencadearam a depredação dos prédios públicos e dos atentados contra as instituições democráticas ocorridas no ínicio do mês.
Ainda segundo o órgão, foi possível colher elementos de provas capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos. Além disso, com o cumprimento dos mandados judiciais, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, será possível identificar eventuais outros partícipes/coautores na ação.
Invasão em Brasília
No dia 8 de janeiro, manifestantes extremistas bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do STF e do Planalto. Durante a invasão, houve fachadas pichadas, móveis quebrados, obras de arte rasgadas, salas reviradas, objetos queimados e muita destruição.
Após esse ataque, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a desocupação das áreas em frente aos quartéis que estavam tomadas por bolsonaristas há cerca de dois meses.
Na ordem, Moraes determinou “a desocupação e dissolução total, em 24 horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes”.
Além disso, Moraes também afastou o governador do DF, Ibaneis Rocha, por 90 dias. Há suspeitas de que houve omissão por parte do governo, uma vez que as ações já estavam sendo arquitetadas pelas mídias sociais e, portanto, já podiam ser previsíveis e evitáveis, com o reforço da segurança do local.



