A deputada Erika Hilton posicionou-se criticamente em relação à mensagem projetada pela cantora Ludmilla durante sua apresentação no festival Coachella, nos Estados Unidos. A frase, que tinha o objetivo de denunciar o preconceito contra as religiões de matriz africana no Brasil, foi considerada pela parlamentar como potencialmente prejudicial à causa que pretende defender.
“Mensagens como essa, sem nenhum contexto, podem criar mais danos à luta pela liberdade religiosa ao invés de ajudar a combater essa realidade de preconceito e violência contra pessoas de axé”, afirmou Hilton. Segundo ela, ao não fornecer um pano de fundo educativo ou explicativo, tais declarações podem confundir o público internacional e dar margem a interpretações errôneas sobre as complexidades das práticas religiosas afro-brasileiras.
A deputada destacou a importância de utilizar plataformas de grande visibilidade, como o Coachella, para promover um entendimento mais profundo sobre questões de discriminação religiosa. Ela sugeriu que mensagens públicas deveriam ser acompanhadas de contextos que esclareçam a situação das religiões afro-brasileiras, historicamente marginalizadas e frequentemente alvo de ataques violentos no Brasil.
Erika Hilton, que é uma voz ativa na defesa dos direitos humanos e das liberdades religiosas, também apontou para a necessidade de uma estratégia mais robusta e educativa que engaje audiências internacionais de forma construtiva. “É essencial que as representações de nossas lutas em palcos internacionais sejam precisas e educativas, para que a solidariedade seja baseada no entendimento e não no sensacionalismo”, explicou.
A mensagem de Ludmilla, apesar de bem-intencionada, parece ter se perdido na tradução cultural e na falta de contexto, correndo o risco de perpetuar estereótipos ao invés de desmontá-los. Especialistas em direitos civis concordam com Hilton e ressaltam que a complexidade do racismo e da intolerância religiosa no Brasil requer uma abordagem que vá além de slogans. A educadora e ativista pelo direito das religiões de matriz africana, Beatriz Nascimento, reitera: “Precisamos de campanhas que eduquem e que mobilizem, respeitando a profundidade de nossas tradições e o sofrimento de nossos povos”.
A repercussão da fala de Ludmilla no Coachella reacendeu debates sobre a melhor forma de utilizar o entretenimento como plataforma de ativismo. Enquanto alguns defendem a simplificação das mensagens para capturar a atenção rápida do público, outros, como Hilton, advogam por uma narrativa mais rica e detalhada, que verdadeiramente eduque e motive ações concretas em defesa das religiões de matriz africana.
A crítica de Erika Hilton serve como um lembrete poderoso de que a luta pela justiça social deve ser cuidadosa e estrategicamente planejada, especialmente quando atravessa fronteiras culturais e geográficas. As palavras têm poder, e no palco global, o contexto é tudo.



