Em meio às especulações e apostas fervorosas sobre quem levará a prestigiada Bola de Ouro este ano, um nome tem sido frequentemente mencionado com um entusiasmo que, ao meu ver, parece um tanto precipitado: Jude Bellingham. O jovem talento inglês certamente tem feito maravilhas no Real Madrid, mas elevá-lo ao status de favorito para o prêmio máximo individual no futebol mundial não apenas desconsidera os méritos de seus colegas de equipe, mas também distorce a realidade do que tem sido a trajetória do clube na temporada.
Não se pode negar a influência de Bellingham no meio-campo do Real Madrid. Sua habilidade de transição ofensiva, sua presença física e sua capacidade de chegar ao ataque têm adicionado uma nova dimensão à equipe. No entanto, seria uma falha enorme ignorar que a verdadeira espinha dorsal do sucesso do Real Madrid nos jogos de mata-mata desta temporada tem sido a dupla brasileira: Vinícius Júnior e Rodrygo.
Vinícius, com sua velocidade estonteante e habilidade de driblar adversários como se estivessem parados, tem sido uma ameaça constante nas alas, criando oportunidades não só para si, mas também para seus companheiros. Rodrygo, por sua vez, tem demonstrado uma maturidade e uma frieza notáveis, especialmente nos momentos críticos, decidindo partidas e mostrando um entrosamento quase telepático com Vinícius.
Analisando os números, a contribuição dessa dupla é incontestável. Uma grande parte dos gols do Real Madrid nos jogos eliminatórios passou pelos pés de Vinícius e Rodrygo. Seja através de gols decisivos ou assistências cruciais, eles têm sido os verdadeiros heróis na caminhada do clube. E, embora Bellingham tenha seu mérito, ele beneficia-se enormemente do trabalho excepcional que Vinícius e Rodrygo realizam.
Então, por que o foco desproporcional em Bellingham? Parte disso pode ser atribuída à novidade e ao brilho de um talento emergente no maior palco do futebol europeu. A narrativa de um jovem prodígio liderando um gigante como o Real Madrid é certamente atraente e vende jornais. No entanto, não deve obscurecer a realidade do desempenho coletivo e da influência de outros jogadores que têm sido tão ou mais decisivos.
Ao considerar candidatos para a Bola de Ouro, é essencial avaliar o impacto real e direto dos jogadores nos resultados de sua equipe. Neste caso, embora Bellingham seja indiscutivelmente um talento excepcional e uma estrela em ascensão, a ideia de que ele é o principal candidato ao prêmio ignora as performances estelares de Vinícius Júnior e Rodrygo, que realmente estão “carregando” o Real Madrid em momentos cruciais.
Portanto, ao discutir favoritismo para a Bola de Ouro, devemos fazer isso com uma visão mais ampla e inclusiva, reconhecendo aqueles cujas contribuições muitas vezes ficam à sombra de narrativas mais atraentes, mas menos precisas.