Uma leva de jovens autores promete movimentar a vida teatral carioca em 2018. Os talentos, hoje ainda sob a cortina do anonimato, serão conhecidos a partir da promoção de oficina especial de dramaturgia que a Secretaria Municipal de Educação vai realizar, através do projeto ‘A escola fertiliza a cena da cidade’. A oficina ‘Bota a cara e entra em cena, leque!’, quer incentivar os alunos da rede municipal de ensino não só a montar peças, mas também desenvolver textos para encenações, à exemplo das montagens de ‘Sou Rio, estou na Rocinha’, ‘O cara do Cordel’ e ‘Guerra e paz, o verdadeiro amor de Dalva e Erivelto’, escritas e apresentadas por coletivos de alunos das escolas municipais Desembargador Oscar Tenório; Juliano Moreira e Francisco Jobim, respectivamente. As obras foram apresentadas no Teatro Ipanema no último dia 6.
– Vamos chamar todo mundo que queira ser autor de teatro para um grande encontro. Juntar alunos, professores de teatro, autores. Após esse movimento virão outros e a oficina – adianta o coordenador do projeto ‘A escola fertiliza a cena da cidade’, Veríssimo Junior.
A confecção da dramaturgia com ‘Bota a cara e entra em cena, leque!’, explica Veríssimo, segue o princípio de que a escola é produtora de cultura e não apenas consumidora.
– Ela, a escola, enriquece a cidade. Os alunos precisam conhecer a cidade, mas é necessário que a cidade também os conheça. É importante desmitificar essa ideia de que o teatro é universal. Ele nasce e depois se universaliza.
Na oficina, o trabalho para o desenvolvimento de textos se voltará para o princípio do projeto ‘A escola fertiliza a cena da cidade’ – histórias inspiradas nas realidades vividas pelos alunos, nos locais ondem residem, com personagens que possam ser relacionados com suas aventuras e cotidiano. Tal qual aconteceu com ‘Sou Rio, Sou Rocinha’, por exemplo. Na peça, os alunos contam histórias vividas pela própria comunidade, desde a chegada dos nordestinos na área até as lutas recentes entre facções criminosas que dominam a favela, envolvendo moradores e a cidade.
– As histórias apresentadas na peça são reais, acontecem na Rocinha. O texto é deles. A escola é vida. E o aluno, como protagonista do trabalho, acaba por refletir sobre a sua realidade. E isso, se necessário, o levar a mudar de comportamento, postura ou pensamento – observa a professora Anília Francisca.
Aluno da escola, nascido e morador da Rocinha e um dos protagonistas da peça, Gustavo Silva Santos, 17 anos, filho de nordestinos – o pai é porteiro e a mãe faxineira –, vê na peça uma forma de mostrar como é a vida na comunidade:
– Eu gostei. É um recado para que saibam como é nossa vida na favela – diz o jovem, que deseja seguir vivendo no endereço.
Já Jennyfer Miranda, 12 anos, aluna da E.M. Juliano Moreira, unidade com clientela da Cidade de Deus, viu no teatro a chance de mostrar que sua escola tem coisas boas:
– É uma sensação especial. Todo mundo falava mal da Juliano, mas nossa escola não é ruim. E poder mostrar nosso trabalho é muito bacana”.
Se ela está interessada em prosseguir no teatro? “Sim”, responde sem vacilo. É leque certa!
FONTE: SITE DA PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO