Falta de energia e nenhuma vontade de socializar em festas de confraternização. Animação zero para traçar metas, pensando no novo ciclo. Dificuldade de sentir felicidade ou alegria durante o Natal e o Ano-Novo. Para quem sofre da melancolia de fim de ano, o mês de dezembro é um grande desafio.
Muito além de ser um “Grinch”, as pessoas que sentem essa tristeza ligada às festas de final de ano precisam de cuidados e ajuda. Segundo o psicólogo Gerson Pinho, do Hospital PAI, o indivíduo pode apresentar um humor melancólico e frustrado, com um desejo maior de evitar eventos comemorativos.
“Para essa pessoa, existem motivos para se sentir triste e abatido. Por exemplo, alguém endividado, desempregado, com um recente término de relacionamento ou que perdeu um ente querido”, explica Gerson. O especialista afirma existir um aumento de procura por psicólogos e psiquiatras durante o final do ano.
As causas são individuais, mas o psicólogo ressalta que a atmosfera positiva e alegre das festas entra em conflito com todas as frustrações vividas pela pessoa. É importante, também, entender a diferença entre depressão e melancolia. “A tristeza é um sentimento do cotidiano, faz parte da nossa dinâmica”, comenta.
Já a depressão é um transtorno reconhecido. “Se o indivíduo apresenta recorrências de humor deprimido, perda de interesse ou prazer na realização de atividades simples, então não estamos falando de melancolia. A depressão de fim de ano só reforça um caráter já instalado”.
Para combater os sintomas da tristeza melancólica, Gerson sugere conversar e se abrir, com pessoas próximas, sobre os sentimentos. “Não projete o inalcançável ou crie expectativas pautadas nas demandas sociais. Devemos considerar nossas batalhas. Se perdemos, vamos procurar apenas crescer com isso”.
Conversar também é a sugestão do voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) Sérgio Carvalho. “Quando existe um espaço para desabafar sem crítica ou julgamento, a possibilidade de a pessoa sofrer de depressão ou melancolia é menor. Ao compartilhar, ela se livra de uma carga negativa”.
Os voluntários do centro não dão conselhos e não julgam a situação. A linha trabalha fazendo quem liga desabafar. “É uma ocasião especial do ano, e, quando a pessoa fala sobre aquilo e aborda o sentimento, ela se ouve e se entende melhor. Assim, é mais provável ela sair desse humor”.
O CVV agora opera na linha 188 – o número serve para qualquer local do Brasil e funciona 24 horas por dia e nos feriados.