Um relatório recente do banco suíço UBS trouxe um dado que surpreendeu muitos: o Brasil registrou a maior taxa de crescimento de patrimônio entre bilionários em toda a América. O país agora conta com 19 novos integrantes neste seleto grupo, alcançando um total impressionante de US$ 154,9 bilhões em riqueza acumulada. No entanto, há um detalhe que chama atenção: a maioria dos novos bilionários é composta por herdeiros, e não por empreendedores que construíram fortunas do zero.
Crescimento acelerado
Segundo o levantamento, o Brasil teve um desempenho excepcional no aumento de riquezas, superando países tradicionalmente associados à prosperidade, como Estados Unidos e Canadá. Esse crescimento acelerado reflete, em parte, a recuperação econômica pós-pandemia, valorização de ativos financeiros e alta nos setores ligados ao agronegócio, energia e tecnologia.
Mas não são apenas fatores econômicos que explicam o aumento expressivo. O relatório também indica que sucessões patrimoniais desempenharam um papel crucial na consolidação dessa riqueza. A transição de fortunas familiares entre gerações ocorreu em um momento estratégico, impulsionando o número de bilionários no país.
O peso dos herdeiros
Dentre os 19 novos bilionários, um percentual significativo herdou a maior parte de suas fortunas. Esses indivíduos representam famílias que controlam conglomerados industriais, bancos e grandes fazendas do agronegócio. Embora muitos tenham adotado estratégias para multiplicar os ativos recebidos, o debate sobre a concentração de riquezas em mãos de poucas famílias ganha força.
Para especialistas, essa concentração pode limitar a mobilidade social no Brasil. “Enquanto os herdeiros consolidam fortunas gigantescas, milhões de brasileiros enfrentam dificuldades financeiras”, explica um analista do mercado financeiro.
Desafios e oportunidades
Apesar de polêmico, o crescimento de bilionários também pode ser interpretado como um indicador positivo para a economia brasileira. Grandes fortunas podem estimular investimentos em projetos de infraestrutura, inovação e geração de empregos. Porém, isso depende de políticas que incentivem a redistribuição de riqueza de maneira produtiva.
Outro aspecto importante destacado pelo UBS é o papel da filantropia. Muitos bilionários brasileiros têm adotado ações voltadas para o impacto social, embora ainda estejam aquém de países como os EUA, onde as doações filantrópicas representam uma parcela significativa das fortunas acumuladas.
Perspectivas futuras
Com a continuidade de reformas estruturais e estabilidade econômica, o Brasil pode continuar sendo uma terra fértil para a criação de riqueza. No entanto, o verdadeiro desafio será equilibrar a prosperidade de poucos com as necessidades de muitos. Afinal, não basta crescer; é preciso incluir.