O número de mortes em acidentes aéreos disparou em 2024, registrando um aumento de 92% em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório anual de segurança da aviação civil divulgado nesta semana. Com mais de 560 vítimas fatais contabilizadas ao longo do ano, este se tornou o período mais letal para a aviação nos últimos 10 anos, superando até mesmo o trágico marco de 2014, que ficou marcado por acidentes de grande repercussão internacional.
A escalada nos números preocupou especialistas do setor, que destacaram falhas humanas, problemas técnicos e questões meteorológicas como os principais fatores por trás dos desastres registrados. Entre os episódios mais trágicos, destacam-se acidentes envolvendo aviões comerciais em rotas internacionais e aeronaves menores usadas em voos domésticos e particulares.
O que explica o aumento?
O relatório aponta que a retomada acelerada do setor aéreo após o impacto da pandemia de COVID-19 pode ter contribuído para o aumento dos acidentes. O retorno à operação plena trouxe desafios, como o treinamento insuficiente de tripulações e a manutenção defasada de aeronaves. “Muitas companhias priorizaram a retomada de voos, mas não acompanharam as necessidades estruturais de segurança”, afirmou o especialista em aviação Roberto Mendonça.
Além disso, as condições climáticas extremas registradas em diversas partes do mundo em 2024 também desempenharam um papel importante. Tempestades, ventos fortes e baixa visibilidade foram fatores determinantes em vários acidentes fatais.
Outro ponto crítico foi o aumento do tráfego aéreo global. Dados mostram que 2024 alcançou o maior volume de voos comerciais em uma década, com cerca de 38 milhões de partidas registradas. O crescimento exponencial trouxe mais pressão para sistemas de controle de tráfego aéreo, especialmente em regiões com infraestrutura limitada.
Impacto no setor e medidas preventivas
O aumento nos números de acidentes já gerou reações. Diversas organizações internacionais, incluindo a Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO), anunciaram que intensificarão as auditorias de segurança em companhias aéreas e aeroportos. A implementação de tecnologias avançadas de monitoramento e a obrigatoriedade de reciclagem para tripulações também estão entre as medidas propostas.
No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) declarou que reforçará a fiscalização em empresas de táxi aéreo e aviões de pequeno porte, que estão entre os mais afetados pelas ocorrências.
Apesar do cenário alarmante, especialistas ressaltam que voar ainda é uma das formas mais seguras de transporte. Porém, o aumento expressivo das fatalidades em 2024 reforça a necessidade de ações urgentes para garantir a segurança dos passageiros e tripulações.