Mais uma mulher perde a vida de forma brutal no Rio de Janeiro. O caso de Thayná Thaís Santana Reis, de 30 anos, choca pela frieza e violência. A jovem foi assassinada a facadas pelo ex-namorado, Vinícius Vieira dos Santos, de 31 anos, na noite de domingo (22), na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio.
O crime ocorreu após uma discussão entre o casal, que tinha se separado recentemente. Testemunhas relataram que a briga culminou em agressões físicas, e Vinícius, em um ato de extrema violência, desferiu golpes de faca contra Thayná. Após o ataque, ele tentou socorrê-la, levando-a de moto ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha, mas o esforço foi em vão. Thayná não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Vinícius foi preso em flagrante no hospital e está sob custódia da polícia. Ele será processado por feminicídio, um crime que revela a faceta mais cruel do machismo estrutural, que insiste em tratar mulheres como propriedade.
UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA?
O relacionamento de Thayná e Vinícius durou 10 anos e gerou duas filhas, hoje com 8 e 6 anos. Segundo amigos e vizinhos, o casal enfrentava conflitos constantes, e Thayná já teria comentado sobre o comportamento agressivo do ex-companheiro. Contudo, como tantas outras mulheres, ela nunca registrou queixa formal contra ele.
“A gente via que eles brigavam muito, mas ninguém imaginava que ele seria capaz de uma coisa dessas. É revoltante!”, desabafou uma vizinha que preferiu não se identificar.
Thayná também era mãe de uma menina de 11 anos, fruto de um relacionamento anterior. As três crianças agora enfrentam o impacto devastador de perder a mãe de forma tão violenta e, ao mesmo tempo, ver o pai biológico das duas irmãs mais novas preso como responsável pela tragédia.
FEMINICÍDIO: UM MAL ENDÊMICO NO BRASIL
O caso de Thayná não é isolado. Apenas em 2023, o Brasil registrou mais de 1.400 feminicídios, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Rio de Janeiro figura entre os estados com os índices mais alarmantes.
Feminicídio é o assassinato de uma mulher motivado por questões de gênero, como ciúmes, controle ou sentimento de posse. É um crime que não só tira vidas, mas também destrói famílias e deixa traumas irreparáveis.
“É inaceitável que, em pleno século XXI, mulheres continuem sendo mortas apenas por serem mulheres. Precisamos de políticas públicas mais efetivas para proteger essas vítimas e, acima de tudo, educar nossa sociedade para que crimes como este deixem de acontecer”, afirmou a socióloga Ana Paula Medeiros, especialista em violência de gênero.
A IMPUNIDADE ALIMENTA A VIOLÊNCIA
A sensação de impunidade é outro fator que alimenta o ciclo de violência contra a mulher. Embora Vinícius tenha sido preso em flagrante, muitos agressores permanecem em liberdade mesmo após denúncias, colocando a vida das vítimas em risco.
Segundo o relato da Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) já está conduzindo as investigações para esclarecer as circunstâncias do crime. Entretanto, é preciso que o caso de Thayná não seja apenas mais um número nas estatísticas.
“A Justiça precisa ser rápida e exemplar nesses casos. Não é só sobre punir, mas também sobre mostrar à sociedade que o feminicídio não será tolerado”, enfatizou a advogada Luciana Barbosa, especialista em direitos humanos.
O IMPACTO NAS CRIANÇAS
Além da perda da mãe, as filhas de Thayná enfrentam agora a dura realidade de crescer sem a figura materna e com o pai envolvido em um crime tão brutal. Estudos mostram que crianças que perdem pais em situações de violência sofrem traumas profundos, que podem se manifestar ao longo de toda a vida.
Organizações de apoio às vítimas de feminicídio, como o Instituto Maria da Penha, reforçam a necessidade de assistência psicológica e social para essas crianças. “Elas precisam de acolhimento imediato e constante para lidar com o luto e as consequências dessa violência”, afirmou a psicóloga Camila Ribeiro.
CHEGA DE VIOLÊNCIA!
O assassinato de Thayná é um grito de alerta para toda a sociedade. Não é apenas sobre uma mulher que perdeu a vida, mas sobre a falha coletiva em proteger aquelas que são mais vulneráveis.
Enquanto feminicídios continuarem sendo vistos como “dramas pessoais” ou “casos isolados”, mulheres seguirão morrendo e famílias continuarão sendo destruídas.
Thayná tinha sonhos, planos e três filhas que dependiam dela. Sua morte não pode ser em vão. Que a dor dessa tragédia desperte ações concretas contra a violência de gênero.
Que a Justiça seja feita, e que Thayná não seja apenas mais um nome em uma lista de vítimas. Que sua história ecoe como um clamor por mudança.