Nos bastidores do programa Segurança Presente, uma iniciativa emblemática do Governo do Estado do Rio de Janeiro, emerge uma grave denúncia sobre a precariedade enfrentada por colaboradores que garantem a segurança nas ruas. Funcionários denunciam atrasos constantes nos pagamentos, ausência do 13º salário e irregularidades no repasse do INSS. Segundo relatos, o problema persiste desde o início da gestão de Cláudio Castro e tem se intensificado após sua reeleição.
“Trabalhamos um mês inteiro, mas só recebemos três meses depois. Essa situação já dura três anos, desde que o governador assumiu o cargo. Além disso, não recebemos o 13º e ainda há descontos no INSS que não são repassados ao órgão. É um descaso completo”, afirmou um colaborador que preferiu não se identificar por medo de retaliações.
A Rotina de Luta Silenciosa
Os trabalhadores descrevem a rotina de pressão e incerteza financeira que têm enfrentado. Sem salários regulares e com benefícios retidos, muitos afirmam estar à beira do colapso financeiro, dependendo de empréstimos ou ajudas de familiares para sobreviver. Apesar disso, continuam desempenhando suas funções, seja por um senso de dever ou pela esperança de que a situação melhore.
“Há um mundo oculto nos bastidores da operação. Trabalhamos em prol da segurança pública, mas, na prática, estamos abandonados. O que deveria ser uma política de segurança para todos se tornou um pesadelo para quem faz parte da operação”, declarou outro colaborador.
A Gravidade da Situação
A denúncia ganha contornos mais preocupantes com as acusações de irregularidades no repasse do INSS. Os colaboradores afirmam que o valor é descontado de seus pagamentos, mas não chega ao Instituto Nacional do Seguro Social. Isso pode acarretar problemas para aposentadorias e outros benefícios futuros, configurando uma grave falha administrativa.
Segundo especialistas, o não repasse de contribuições previdenciárias pode ser classificado como apropriação indébita previdenciária, um crime previsto no Código Penal Brasileiro. “Essa situação não apenas prejudica os trabalhadores no presente, mas também compromete o futuro deles. É urgente que as autoridades investiguem essa denúncia”, afirmou um advogado trabalhista consultado pela reportagem.
Impacto na Segurança Pública
O programa Segurança Presente é amplamente reconhecido por sua contribuição na redução de índices de criminalidade em áreas críticas do Rio de Janeiro. No entanto, os problemas internos levantam questões sobre a sustentabilidade e a eficácia de iniciativas que dependem de profissionais desvalorizados e sobrecarregados.
“Como é possível oferecer segurança à população quando quem trabalha para isso vive em condições de tamanha precariedade? Essa situação reflete uma gestão que prioriza números e marketing, mas negligencia os profissionais que tornam tudo possível”, desabafou outro funcionário.
O Silêncio do Governo
A equipe de reportagem tentou contato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro e com a administração do programa Segurança Presente, mas até o fechamento desta matéria não recebeu resposta. A ausência de um posicionamento oficial agrava ainda mais a insatisfação dos trabalhadores, que cobram transparência e soluções imediatas.
Cláudio Castro, que assumiu o governo em 2021 e foi reeleito em 2022, tem enfrentado críticas por sua gestão na área de segurança pública. Enquanto discursos oficiais exaltam os resultados do programa, os relatos dos bastidores indicam uma realidade bem diferente.
Pedido de Socorro
Os colaboradores esperam que a denúncia chegue às autoridades competentes e à população em geral, na esperança de que as condições melhorem. “Não queremos nada além do que é nosso por direito. Trabalhamos duro e merecemos respeito. Não estamos pedindo favores, estamos exigindo justiça”, concluiu um dos denunciantes.
A situação expõe um dilema que vai além dos atrasos salariais: trata-se de uma questão de dignidade e respeito pelos profissionais que, diariamente, arriscam suas vidas para proteger a população. Resta saber se o governo atenderá ao clamor desses trabalhadores ou se continuará em silêncio diante de uma denúncia tão grave.