Juliana Rangel, baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal, começa a dar sinais de recuperação. A jovem, que passou por um momento de extrema violência, agora consegue se comunicar por meio de bilhetes. Em um deles, ela expressou o que sente diante do trauma que enfrenta: “Quero justiça. Só Deus e eu sabemos o que estou passando.”
O caso chocante ganhou ampla repercussão nacional e levantou uma série de questionamentos sobre a atuação da PRF em abordagens ostensivas. Juliana, de 28 anos, foi atingida enquanto voltava para casa com amigos e familiares, num momento que deveria ser marcado por celebração e união.
A Recuperação Lenta e Dolorosa
Após ser submetida a cirurgias delicadas, Juliana permaneceu em estado crítico por semanas. Agora, embora ainda esteja em processo de recuperação, os médicos consideram sua capacidade de comunicação um sinal positivo.
“Ela já sabe mais ou menos o que aconteceu”, revelou a mãe da vítima, emocionada, ao descrever os momentos em que Juliana escreve bilhetes para expressar seus sentimentos e demandas. Segundo os familiares, a jovem está ciente de que foi baleada por agentes da PRF e demonstra uma mistura de indignação e determinação.
O apoio emocional da família tem sido fundamental nesse período. Mesmo em meio à dor, a mãe de Juliana destacou a força da filha: “Ela é uma guerreira. Ver ela lutar por justiça, mesmo nessa condição, nos dá forças para continuar buscando respostas.”
O Caso: O Que Se Sabe Até Agora
Na noite da véspera de Natal, Juliana estava em um veículo que foi abordado por agentes da PRF em uma rodovia do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, a abordagem teria escalado de forma desproporcional, culminando nos disparos que atingiram a jovem na cabeça.
A PRF informou inicialmente que houve uma “reação suspeita” por parte dos ocupantes do veículo, mas as declarações foram contestadas por testemunhas e familiares, que afirmam que os agentes agiram de forma precipitada e agressiva.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, e imagens de câmeras de segurança próximas ao local já foram requisitadas. Organizações de direitos humanos e advogados de defesa têm acompanhado de perto os desdobramentos, cobrando celeridade e transparência no processo.
Clamor por Justiça
A frase “Quero justiça”, escrita por Juliana em um de seus bilhetes, resume o sentimento não apenas dela, mas de toda sua família e da comunidade que acompanha o caso. Nas redes sociais, a história gerou uma onda de solidariedade, com milhares de pessoas compartilhando mensagens de apoio e cobrando respostas das autoridades.
Grupos de ativistas e movimentos sociais também realizaram manifestações em frente a delegacias e sedes da PRF, pedindo o fim da violência policial e maior responsabilidade em abordagens de agentes de segurança pública.
“Esse não é um caso isolado. Infelizmente, vemos situações semelhantes acontecendo em diferentes partes do Brasil. É urgente que a sociedade e o poder público tomem medidas para evitar que tragédias como essa se repitam”, disse Mariana Gomes, coordenadora de um grupo de direitos humanos que acompanha a investigação.
O Que Vem Pela Frente
Além da luta pela recuperação, Juliana e sua família enfrentam agora uma batalha judicial que pode ser longa. O advogado da família afirmou que buscará todas as medidas legais para que os responsáveis sejam punidos.
“Não vamos aceitar que isso seja mais um caso que caia no esquecimento. Juliana é uma vítima de uma abordagem desastrosa e desumana. Vamos até as últimas instâncias para garantir justiça”, afirmou o advogado.
Enquanto isso, Juliana segue internada, cercada pelo carinho de familiares e amigos, que têm esperança em sua plena recuperação. A jovem já começa a demonstrar pequenos avanços, como o movimento dos dedos e a escrita dos bilhetes, mas ainda enfrenta uma longa jornada para superar as sequelas físicas e emocionais do episódio.
O caso de Juliana Rangel é um lembrete doloroso da necessidade de uma revisão profunda nas práticas de segurança pública no Brasil, mas também uma prova da força humana diante da adversidade. Sua voz, ainda que por bilhetes, ecoa como um apelo urgente por justiça e mudanças.