Um casal de influenciadores digitais foi preso na última semana, acusado de realizar procedimentos estéticos com medicamentos adulterados e de causar deformações em dezenas de pacientes. A Polícia Civil revelou que os suspeitos diluíam substâncias utilizadas nos tratamentos para aumentar a margem de lucro da clínica clandestina. Com preços até seis vezes mais baratos que o praticado no mercado, os serviços atraíam vítimas de diversas regiões.
A investigação começou após mais de 60 pessoas denunciarem o casal, relatando complicações graves decorrentes das intervenções realizadas. Entre os relatos estão casos de infecções severas, necroses, deformidades permanentes e até sequelas psicológicas causadas pelos resultados desastrosos.
Procedimentos Irregulares e Produtos Adulterados
De acordo com as autoridades, os influenciadores promoviam os serviços nas redes sociais, exibindo resultados estéticos aparentemente impecáveis e oferecendo preços acessíveis. No entanto, a realidade por trás das câmeras era muito diferente.
“Eles diluíam medicamentos como ácido hialurônico e toxina botulínica com substâncias não apropriadas, o que comprometia a eficácia e segurança dos procedimentos”, afirmou o delegado responsável pelo caso. Além disso, materiais descartáveis eram reutilizados e o ambiente da clínica não seguia normas básicas de higiene.
Os produtos adulterados, além de aumentar os lucros do casal, reduziam drasticamente os custos operacionais da clínica. O preço atrativo, associado à fama dos influenciadores, fez com que centenas de pessoas buscassem os serviços.
Denúncias e Operação Policial
A investigação teve início há três meses, quando as primeiras vítimas começaram a relatar as irregularidades. Segundo a Polícia Civil, as denúncias aumentaram após a exposição de algumas histórias nas redes sociais e na mídia local.
Entre os depoimentos, uma vítima relatou que o procedimento, que deveria ser simples, resultou em uma infecção grave e na necessidade de internação hospitalar. “Eles pareciam profissionais nas redes sociais, mas quando percebi a gravidade da situação já era tarde demais”, afirmou.
Com base nas denúncias, a polícia realizou uma operação para desarticular a clínica. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, foram encontrados medicamentos vencidos, seringas reutilizadas e documentos que indicavam a adulteração dos produtos.
Lucro em Detrimento da Saúde
A Polícia Civil estima que o casal tenha faturado milhões de reais nos últimos anos com os procedimentos irregulares. Os preços cobrados, que chegavam a ser até seis vezes mais baratos que os valores de mercado, eram a principal isca para atrair novos clientes.
“Eles exploravam a vulnerabilidade das pessoas que buscavam melhorar a autoestima, mas não podiam pagar por tratamentos mais caros. No entanto, a economia no preço trouxe um custo alto à saúde dessas vítimas”, destacou o delegado.
A situação gerou revolta entre os familiares das vítimas e profissionais de saúde. “Isso é uma afronta à medicina e à ética. Procedimentos estéticos precisam ser realizados por especialistas capacitados e em locais adequados”, disse uma dermatologista consultada pela reportagem.
Desdobramentos e Orientações
Os influenciadores permanecem presos e devem responder pelos crimes de estelionato, lesão corporal grave e prática ilegal da medicina. A polícia ainda investiga a possibilidade de envolvimento de outras pessoas, como fornecedores e falsificadores de medicamentos.
Especialistas alertam que é essencial verificar as credenciais de profissionais antes de realizar qualquer procedimento estético. Além disso, desconfiar de preços muito abaixo do mercado é fundamental para evitar cair em armadilhas.
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, deixou um alerta: “Não vale a pena arriscar sua saúde por um preço mais baixo. O barato pode sair muito caro.”
A polícia pede que outras possíveis vítimas procurem as autoridades para formalizar denúncias e reforça a importância de investigar minuciosamente qualquer oferta de serviços médicos ou estéticos, especialmente quando promovidos fora de ambientes regulamentados.
Enquanto isso, o caso continua gerando discussões nas redes sociais, expondo os perigos da busca por padrões estéticos a qualquer custo e a responsabilidade de influenciadores digitais na promoção de serviços.