Os profissionais de saúde do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, estão preocupados com um aumento significativo nos atendimentos de crianças que ingeriram objetos não comestíveis. O problema, que já era motivo de atenção ao longo do ano, se intensifica durante o verão, período de férias escolares, quando as crianças passam mais tempo em casa e estão mais propensas a acidentes domésticos.
Em 2024, a unidade hospitalar registrou 104 casos de ingestão de objetos, sendo as moedas e baterias os itens mais comuns e perigosos. A boa notícia é que, com a implementação do serviço de endoscopia pediátrica, o hospital se tornou referência na região, garantindo um atendimento mais rápido e especializado para essas emergências.
Atenção Redobrada: O Perigo das Baterias
O coordenador da emergência pediátrica do hospital, Dr. Helder Silva, fez um alerta importante aos pais e responsáveis. Segundo ele, brinquedos com peças pequenas e objetos do dia a dia, como baterias de relógio, representam um risco ainda maior para as crianças.
“As baterias são as que mais nos preocupam. Se o material ficar mais de seis horas no organismo da criança, será necessário um procedimento cirúrgico”, enfatizou o especialista. Isso acontece porque as baterias contêm substâncias químicas que, ao entrarem em contato com o organismo, podem causar queimaduras internas e perfurações no esôfago ou estômago, levando a complicações graves.
Casos que Servem de Alerta
Muitos pais só percebem que a criança ingeriu um objeto quando os sintomas começam a aparecer. Os mais comuns incluem náuseas, excesso de saliva, vômito e dificuldade para engolir. Foi o que aconteceu com Gustavo, de 7 anos, que engoliu uma moeda sem que ninguém percebesse.
Sua mãe, Thaís Pinheiro, contou que o filho começou a sentir dor na barriga e chorar muito, o que a fez buscar atendimento imediato no Hospital Rocha Faria. “A situação poderia ter sido muito mais grave. A moeda poderia ter ido parar no pulmão”, destacou Thaís, ressaltando a importância da vigilância constante dos pais.
Além de moedas e baterias, os médicos do hospital também registraram casos de crianças que ingeriram produtos químicos, como água sanitária e detergentes. Esse tipo de ocorrência pode causar intoxicação severa e até queimaduras internas, tornando essencial o armazenamento desses produtos fora do alcance das crianças.
Como Prevenir Acidentes?
Os médicos do Hospital Rocha Faria reforçam que a melhor forma de evitar esses incidentes é por meio da prevenção. Algumas medidas simples podem fazer toda a diferença:
- Supervisão constante: Crianças pequenas devem estar sempre sob supervisão de um adulto, principalmente quando estão brincando.
- Escolha de brinquedos seguros: Evite brinquedos que tenham peças pequenas ou que possam se soltar facilmente.
- Armazenamento adequado: Pilhas, baterias e produtos químicos devem ser guardados em locais altos e de difícil acesso.
- Atenção a objetos do dia a dia: Moedas, botões, tampas de caneta e grampos de cabelo são comuns em casa e podem ser engolidos acidentalmente.
O Que Fazer em Caso de Ingestão?
Se houver suspeita de que a criança engoliu algum objeto, o ideal é buscar atendimento médico imediatamente. Não se deve tentar provocar vômito ou oferecer alimentos e líquidos sem orientação médica, pois isso pode piorar a situação.
Mais de 90% dos casos atendidos no Hospital Rocha Faria são resolvidos sem a necessidade de cirurgia, apenas com acompanhamento médico. No entanto, casos mais graves, como ingestão de baterias ou objetos pontiagudos, podem exigir intervenções mais complexas.
Conclusão
Com o aumento das ocorrências durante as férias escolares, é essencial que os pais redobrem os cuidados para evitar esse tipo de acidente. A equipe médica do Hospital Rocha Faria segue atenta para prestar um atendimento ágil e eficiente, mas reforça que a prevenção ainda é o melhor caminho para garantir a segurança das crianças.
Se notar qualquer sintoma suspeito em seu filho, não hesite: procure imediatamente atendimento médico. Um simples descuido pode ter consequências graves.