A violência entre traficantes e milicianos segue aterrorizando moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na noite desta segunda-feira (03), por volta das 23h, um adolescente identificado como Fábio, de 14 anos, conhecido pelo apelido de “Beicinho”, foi brutalmente assassinado na praça do Bangu 2, localizada no bairro Jardim Bangu.
O jovem, morador da Vila Kennedy, estava na região dominada pela milícia quando foi surpreendido pelos criminosos. Segundo relatos de testemunhas, ele foi executado sem chance de defesa, caindo no chão ainda segurando uma garrafa de Coca-Cola. A cena chocante ilustra a brutalidade da guerra entre facções que disputam o controle de territórios na região.
Conflito Sem Fim Entre Facções
O assassinato de Fábio é mais um capítulo da guerra entre o Comando Vermelho (CV) e grupos paramilitares conhecidos como milicianos. A Vila Kennedy, onde o jovem morava, é dominada pelo CV, enquanto Jardim Bangu é controlado pela milícia.
Esse conflito tem se intensificado nos últimos anos, com execuções sumárias e disputas sangrentas pelo domínio de áreas estratégicas. Para os criminosos, cruzar a fronteira entre territórios rivais pode ser uma sentença de morte, mesmo que a vítima não tenha envolvimento direto com o crime.
A morte de Beicinho levanta questionamentos sobre as circunstâncias do crime. Ele foi morto por estar em área rival? Era suspeito de envolvimento com o tráfico? Ou foi apenas mais uma vítima da violência desenfreada que assola a Zona Oeste?
Medo e Silêncio dos Moradores
Os moradores da região evitam falar sobre o caso. O medo de represálias os impede de denunciar e fornecer informações sobre os responsáveis pelo crime. O silêncio se tornou um escudo de sobrevivência em comunidades dominadas pelo crime organizado.
“Estamos reféns dessa guerra. Hoje foi esse menino, amanhã pode ser qualquer um de nós”, lamenta um morador que preferiu não se identificar.
A praça do Bangu 2, onde o adolescente foi assassinado, é um ponto de circulação de moradores, o que torna o crime ainda mais chocante. Para muitos, essa execução reforça o clima de terror instaurado na Zona Oeste.
Autoridades em Alerta
A Polícia Militar intensificou o patrulhamento na região, mas a população desconfia da eficácia dessas operações. “Eles fazem uma ronda rápida e vão embora. No dia seguinte, tudo continua igual”, afirma um comerciante local.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso, mas a elucidação de crimes desse tipo costuma ser um desafio. A falta de testemunhas dispostas a falar e a influência das facções dificultam a ação da polícia.
Enquanto isso, a Zona Oeste segue sendo palco de uma guerra silenciosa, onde vidas inocentes são perdidas e a população vive sob o domínio do medo. O assassinato de Beicinho, um adolescente de apenas 14 anos, é mais um alerta sobre a necessidade de uma ação mais eficaz contra a violência que assola o Rio de Janeiro.