O presidente da Colômbia gerou forte repercussão ao afirmar que a cocaína “não é pior que uísque” durante uma reunião com seu gabinete. Segundo ele, a droga só é considerada ilegal porque sua produção está concentrada na América Latina. A fala provocou debates acalorados sobre a política antidrogas e o impacto do narcotráfico no continente.
Regulamentação e Comparação com Outras Substâncias
Na reunião, o mandatário argumentou que, se fosse regulamentada, a cocaína poderia ser comercializada “como vinho”. A declaração sugere que o problema central não estaria na substância em si, mas na criminalização imposta pelos países desenvolvidos, que associam a cocaína a atividades ilícitas enquanto permitem a venda legal de outras drogas, como o álcool.
“Se a cocaína fosse um produto europeu ou norte-americano, provavelmente já teria sido regulamentada e estaria disponível no mercado como qualquer outra substância psicoativa”, afirmou. A comparação com o uísque foi usada para questionar o critério da ilegalidade, uma vez que o álcool é responsável por milhares de mortes no mundo todo e, ainda assim, é aceito socialmente.
O Impacto da Guerra às Drogas
O discurso do presidente reflete uma visão crítica à chamada “guerra às drogas”, que há décadas tem sido a principal estratégia dos Estados Unidos e de outros países para combater o narcotráfico. No entanto, muitos especialistas argumentam que essa política falhou, resultando em altos índices de violência, corrupção e crescimento das organizações criminosas.
A Colômbia, um dos maiores produtores mundiais de cocaína, tem sido historicamente pressionada por Washington a erradicar plantações de coca e intensificar a repressão ao tráfico. Contudo, o presidente colombiano defende uma abordagem diferente, baseada na regulamentação e no tratamento da dependência como uma questão de saúde pública, em vez de segurança.
Reações e Controvérsias
As declarações rapidamente repercutiram dentro e fora da Colômbia. Setores conservadores criticaram duramente o posicionamento do presidente, acusando-o de incentivar o consumo da droga e enfraquecer o combate ao narcotráfico. Políticos da oposição afirmaram que esse tipo de discurso poderia prejudicar as relações internacionais do país, especialmente com os Estados Unidos.
Por outro lado, defensores da legalização das drogas enxergam a fala como um passo importante para repensar políticas proibicionistas que, segundo eles, apenas alimentam o crime organizado. “Se o álcool e o tabaco são comercializados legalmente, por que não discutir o mesmo para outras substâncias?”, questionou um especialista em políticas de drogas.
O Futuro da Política de Drogas na Colômbia
Essa não é a primeira vez que o presidente colombiano defende uma nova abordagem para o problema das drogas. Em discursos anteriores, ele já havia proposto debates sobre a descriminalização da cocaína e a necessidade de buscar alternativas ao modelo repressivo atual.
A discussão sobre a legalização da droga ainda é um tabu em muitos países, mas cresce o movimento internacional que defende mudanças na política de combate às drogas. Resta saber se a Colômbia estará disposta a desafiar as potências globais e adotar uma nova estratégia para lidar com essa questão.



