Os medicamentos Ozempic e Mounjaro, amplamente utilizados para o tratamento do diabetes tipo 2, mas frequentemente prescritos de forma off-label para emagrecimento, podem estar associados à perda parcial da visão. Um novo estudo sugere que o rápido controle dos níveis de glicose promovido por essas substâncias pode ter impactos adversos sobre a saúde ocular.
Embora os pesquisadores ainda não tenham estabelecido uma relação causal definitiva, os indícios levantam preocupações, especialmente entre aqueles que fazem uso dessas medicações sem acompanhamento médico adequado.
Como os medicamentos atuam no organismo?
Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) pertencem à classe dos agonistas do GLP-1, um tipo de medicamento que estimula a produção de insulina e reduz os níveis de glicose no sangue. Além disso, essas substâncias retardam o esvaziamento gástrico e aumentam a sensação de saciedade, o que tem levado muitas pessoas a utilizá-las para perda de peso, mesmo sem diagnóstico de diabetes.
O grande atrativo desses medicamentos é a eficácia na redução de peso e no controle glicêmico. No entanto, essa rápida normalização dos níveis de açúcar pode ter efeitos inesperados sobre o sistema vascular, incluindo os pequenos vasos sanguíneos dos olhos.
O que diz o estudo sobre a visão?
Os pesquisadores analisaram casos de pacientes que apresentaram complicações visuais após o início do tratamento com Ozempic e Mounjaro. Entre os problemas relatados, a perda parcial da visão foi um dos mais preocupantes. A hipótese levantada é de que a redução abrupta da glicose no sangue pode desencadear alterações na circulação ocular, comprometendo a oxigenação da retina.
Essa situação é semelhante ao que ocorre na retinopatia diabética, condição em que os vasos sanguíneos da retina são danificados devido a longos períodos de hiperglicemia seguidos por um controle muito rápido da glicose.
Precauções e recomendações
Especialistas alertam que, apesar dos benefícios desses medicamentos para diabéticos e pessoas com obesidade, seu uso sem supervisão pode trazer riscos. Quem já tem histórico de problemas oculares deve conversar com um oftalmologista antes de iniciar o tratamento.
Além disso, é fundamental que o controle glicêmico seja feito de maneira gradual para evitar impactos súbitos na circulação ocular. Monitoramento médico contínuo e exames oftalmológicos regulares podem ajudar a identificar precocemente qualquer alteração na visão.
Diante dessas descobertas, os cientistas reforçam a necessidade de mais estudos para compreender completamente os efeitos desses medicamentos sobre a saúde ocular. Enquanto isso, médicos e pacientes devem estar atentos a possíveis sintomas visuais durante o tratamento.