Relógio, anel e pingente de diamante, mais de R$ 90 mil em espécie, carros de luxo, uma van e até armas. Os itens apreendidos durante a Operação Errata, deflagrada nesta terça-feira (11) pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, chamam a atenção não apenas pelo valor, mas pelo contexto no qual foram encontrados: uma investigação sobre corrupção na educação pública.
A ação mira um esquema suspeito de desvio de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) na rede municipal de ensino de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. De acordo com as investigações, o dinheiro que deveria ser destinado à compra de livros didáticos para estudantes da cidade teria sido desviado por meio de contratos superfaturados e sem licitação. O prejuízo aos cofres públicos pode chegar a quase R$ 110 milhões.
Corrupção na educação
A Operação Errata foi desencadeada após indícios de irregularidades na aquisição de materiais escolares. Segundo a PF, os livros comprados com dinheiro público foram adquiridos por valores muito acima do mercado e sem o devido processo de concorrência. As investigações apontam que empresas envolvidas no esquema tinham ligação direta com agentes públicos, o que facilitava a fraude.
Além dos mandados de busca e apreensão cumpridos em endereços ligados aos investigados, os policiais encontraram joias, dinheiro vivo, veículos e armas, evidenciando um estilo de vida incompatível com os rendimentos declarados por alguns dos envolvidos.
Impacto e repercussão
A denúncia sobre o desvio de verbas do Fundeb gerou indignação, principalmente entre pais e professores da rede municipal de ensino de Belford Roxo. A cidade, que enfrenta desafios na infraestrutura escolar e na qualidade do ensino, poderia ter utilizado esses recursos para melhorar as condições de aprendizado dos alunos.
Especialistas em educação destacam que desvios desse tipo aprofundam ainda mais a desigualdade no ensino público. “O Fundeb é uma das principais fontes de financiamento da educação básica no Brasil. Quando há corrupção, são as crianças que pagam o preço, com escolas sem estrutura e falta de materiais”, alerta um educador.
Próximos passos da investigação
A Polícia Federal continua a análise do material apreendido para aprofundar as investigações e identificar todos os responsáveis pelo esquema. Os envolvidos poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, peculato, organização criminosa e fraude em licitações.
A população aguarda que a justiça seja feita e que o dinheiro desviado possa, de alguma forma, ser recuperado e investido na educação de Belford Roxo. Enquanto isso, o caso reforça a necessidade de maior fiscalização e transparência na aplicação dos recursos públicos, especialmente em setores essenciais como a educação.



