O Rio de Janeiro se prepara para receber uma verdadeira invasão de torcedores do Racing Club nesta quinta-feira (27/2), quando o time argentino enfrenta o Botafogo no estádio Nilton Santos, pela partida de volta da Recopa Sul-Americana. Milhares de apaixonados por “La Academia” devem desembarcar na cidade para apoiar o time, mas a chegada dos hermanos vem acompanhada de tensão e alerta máximo por parte da imprensa argentina.
O renomado jornal esportivo argentino, Diário Olé, publicou uma série de recomendações aos torcedores que estarão no Rio para o confronto. No entanto, o tom adotado na publicação chama atenção: o veículo sugere desconfiança total em relação às forças de segurança da capital carioca. Segundo o Olé, os torcedores não devem confiar na Polícia Militar, ressaltando uma preocupação crescente sobre episódios de violência registrados em jogos internacionais no Brasil.
Entre os “conselhos” divulgados pelo veículo argentino, destacam-se recomendações como evitar usar roupas e acessórios que identifiquem a torcida do Racing nas ruas do Rio de Janeiro. O objetivo seria reduzir a exposição e minimizar riscos de ataques ou provocações de torcedores rivais. Além disso, o Olé orienta que torcedores utilizem aplicativos de transporte e tentem combinar previamente com motoristas para garantir o retorno seguro ao hotel após a partida, evitando situações de vulnerabilidade nas imediações do estádio.
O tom de alerta se intensificou após um episódio recente que assustou a delegação e os torcedores do Racing. Dois argentinos foram baleados na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, em uma tentativa de assalto. A violência chocou a imprensa argentina, que classificou o episódio como “um sinal de alerta máximo para quem vier acompanhar a partida decisiva”.
A preocupação também tem como pano de fundo um histórico recente de confrontos entre torcedores estrangeiros e a segurança pública carioca. Em 2024, antes do primeiro jogo da semifinal da Libertadores entre Fluminense e Peñarol, uma grande confusão tomou conta da orla carioca. Torcedores uruguaios se envolveram em saques a quiosques, destruíram veículos e entraram em confronto direto com a Polícia Militar. O resultado foi a detenção de mais de 200 torcedores do Peñarol, em um episódio que ganhou repercussão internacional e colocou em xeque a preparação da segurança pública para eventos esportivos internacionais.
Para o duelo desta quinta-feira, o esquema de segurança no entorno do Nilton Santos será reforçado, com a presença de batalhões especializados em eventos esportivos e policiamento ostensivo em pontos estratégicos. Ainda assim, a recomendação da imprensa argentina reflete uma clara falta de confiança na capacidade das autoridades locais em garantir a integridade dos visitantes.
Enquanto a bola não rola, o clima de tensão cresce nos bastidores, transformando uma partida de futebol em um desafio de logística e segurança pública. Para os torcedores do Racing, o objetivo é claro: apoiar o time e voltar para casa em segurança. Para as autoridades cariocas, o desafio é garantir que o espetáculo fique restrito ao campo — e não se transforme em mais um capítulo de violência internacional