No coração do Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o crime e a simbologia religiosa se misturam em um gesto que escancara o poder e a ousadia de um dos chefes do tráfico local. Conhecido como Peixão, o criminoso que comanda o narco terrorismo na região mandou confeccionar um cordão de ouro avaliado em dezenas de milhares de reais, com um detalhe curioso e polêmico: o pingente é a bandeira de Israel, fincada no topo da tradicional Igreja da Penha.

A escolha do símbolo não é por acaso. Desde que traficantes locais rebatizaram a área como “Complexo de Israel”, em uma estratégia de criar identidade e transmitir força, o uso de referências à cultura e à simbologia israelense se tornou uma marca registrada do grupo. Estrelas de Davi, bandeiras pintadas em muros e até saudações como “Shalom” passaram a ser comuns entre os criminosos.
O novo cordão de Peixão, porém, eleva essa apropriação a um novo nível. A peça, feita sob medida por um ourives de confiança, é descrita como uma verdadeira obra de ostentação criminosa. Feita em ouro maciço, o pingente exibe a bandeira de Israel cravada no topo da famosa escadaria da Igreja da Penha, um dos pontos turísticos e religiosos mais icônicos da cidade.
A escolha de fincar a bandeira de Israel diretamente na igreja é interpretada como uma provocação e uma demonstração de domínio territorial e espiritual da região. Fontes da área de segurança apontam que esse gesto é um recado claro: Peixão não controla apenas o tráfico de drogas, mas busca imprimir sua marca sobre símbolos culturais e religiosos cariocas.
Autoridades monitoram de perto essas movimentações simbólicas, já que a mistura entre crime, religião e identidade cultural fortalece a coesão da facção e dificulta ações de inteligência policial. Enquanto isso, moradores do Complexo vivem entre a curiosidade, o medo e a incredulidade diante de mais uma demonstração de poder e criatividade do crime organizado local.



