A apuração do Carnaval 2025 consagrou a Beija-Flor de Nilópolis como a grande campeã do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. No entanto, a vitória da tradicional azul e branca veio acompanhada de uma enxurrada de questionamentos nas redes sociais. O motivo? A ligação direta de Gabriel David, atual presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), com a própria Beija-Flor.
Filho de Anísio Abraão David, histórico patrono e nome forte da escola de Nilópolis, Gabriel tem participação ativa na gestão da agremiação e, ao mesmo tempo, é o responsável por comandar a Liesa, entidade que organiza o desfile e a apuração. Essa dupla função não é novidade, mas com a vitória da Beija-Flor, a discussão sobre um possível conflito de interesses voltou a ganhar força e se tornou um dos temas mais comentados no ambiente digital.
Logo após a leitura das notas e a consagração da Beija-Flor, o nome de Gabriel David disparou entre os trending topics do X (antigo Twitter). Expressões como “conflito de interesses”, “campeã sob suspeita” e “Beija-Flor campeã” dominaram a rede, dividindo opiniões. De um lado, torcedores e amantes do samba celebraram a conquista, exaltando o espetáculo impecável da escola na Sapucaí. Do outro, internautas questionaram a isenção da Liesa e a lisura da apuração, sugerindo que a proximidade de Gabriel com a Beija-Flor poderia ter influenciado diretamente no resultado final.
Não é a primeira vez que essa relação entre poder e samba gera polêmica. Desde que Gabriel David assumiu a presidência da Liesa, em meio a promessas de modernização e maior transparência no Carnaval, sua conexão com a escola de Nilópolis se tornou alvo de críticas recorrentes. Para muitos, é difícil acreditar que o dirigente consiga separar sua atuação técnica como presidente da Liga de sua paixão e compromisso histórico com a Beija-Flor.
Até o momento, Gabriel David não se pronunciou oficialmente sobre as críticas ou os rumores levantados nas redes. Em defesa da escola, componentes e fãs da Beija-Flor reforçam que o título foi conquistado na pista, graças a um desfile tecnicamente impecável, com alegorias grandiosas, fantasias luxuosas e um enredo que emocionou o público e os jurados. Para eles, o debate sobre parentesco e influência tira o foco do verdadeiro mérito da vitória: o trabalho da comunidade e da equipe criativa da escola.
A polêmica reacende uma discussão antiga nos bastidores do Carnaval carioca: até que ponto as relações familiares, políticas e empresariais podem interferir nos resultados da maior festa popular do Brasil? Em um ambiente onde samba, paixão e poder se misturam, a transparência e a credibilidade da competição se tornam temas centrais para preservar a grandiosidade da festa.
Enquanto a discussão se desenrola, a Beija-Flor comemora seu título nas ruas de Nilópolis e Gabriel David, mesmo sem se manifestar, segue no olho do furacão. Com ou sem conflito de interesses, a verdade é que o Carnaval do Rio continua sendo um espetáculo onde o brilho da avenida e os bastidores nem sempre caminham em harmonia.
A repercussão promete continuar nos próximos dias, e a expectativa é que Gabriel ou a própria Liesa quebrem o silêncio para tentar encerrar o assunto. Se vão convencer o público, só o tempo dirá.