Em 16 de março de 1990, o Brasil vivia um dos momentos mais traumáticos de sua história econômica. O então presidente Fernando Collor de Mello anunciava o Plano Collor, uma medida drástica para conter a hiperinflação, mas que acabou causando um verdadeiro caos financeiro na vida dos brasileiros.
A principal determinação do plano foi o confisco das contas bancárias e das cadernetas de poupança. Os saques foram limitados a um valor irrisório de 50 mil cruzeiros (cerca de R$ 5.000 em valores atualizados), deixando milhões de cidadãos sem acesso ao próprio dinheiro. A promessa era de que os valores confiscados seriam devolvidos em 18 meses, mas para muitos, os prejuízos foram irreversíveis.
O impacto foi devastador. Empresários faliram, famílias perderam economias de uma vida inteira e o comércio entrou em colapso. O governo argumentava que a medida era necessária para conter uma inflação que ultrapassava 80% ao mês, mas a população sentiu na pele os efeitos de um plano que, ao longo do tempo, se mostrou ineficaz.
A revolta popular foi imediata. Protestos tomaram as ruas e a impopularidade do governo aumentou. Em meio a escândalos de corrupção, Collor acabou sofrendo um processo de impeachment em 1992, deixando o cargo antes de completar dois anos de mandato.
Três décadas depois, o Plano Collor ainda é lembrado como um dos maiores traumas econômicos do Brasil. Muitos brasileiros nunca recuperaram o que perderam, e o episódio serviu de lição para as futuras políticas econômicas do país. O confisco da poupança continua sendo um dos maiores temores da população sempre que se fala em medidas radicais para conter crises financeiras.
Passados 35 anos, o Brasil segue enfrentando desafios econômicos, mas com aprendizados que evitam que erros tão graves se repitam. O Plano Collor permanece como um lembrete da importância da confiança nas instituições financeiras e do impacto devastador que decisões governamentais podem ter sobre a vida dos cidadãos.