Um crime de extrema frieza e crueldade abalou a cidade de Porto Seguro, no sul da Bahia, e chocou o Brasil. Yane Soares Matos, de 44 anos, foi brutalmente assassinada após cair em uma emboscada montada pela própria filha de 16 anos, com quem acreditava estar resgatando de uma situação de risco com traficantes. O caso, comparado ao de Suzane von Richthofen pela polícia local, expõe a face mais sombria da influência do tráfico sobre adolescentes.
( a vítima Yane Soares Matos)
Yane, que trabalhava como supervisora de caixa em Caraíva, recebeu mensagens da filha dizendo estar sendo ameaçada por traficantes e pedindo ajuda para fugir do mundo do crime. Preocupada, a mãe se deslocou até o distrito de Pindorama, acreditando que estava prestes a salvar a filha de uma vida de perigos e abusos. No entanto, tudo não passava de uma armadilha.
Ao chegar ao local combinado, uma casa isolada na região, Yane foi surpreendida por dois homens armados – um deles, o namorado da adolescente, integrante da facção criminosa Anjos da Morte (ADM). Sem chances de defesa, Yane foi executada com tiros na cabeça.
O que mais choca nesse caso é o comportamento da filha. Segundo testemunhas e depoimentos colhidos pela polícia, após os disparos, um dos criminosos perguntou à jovem: “Tá satisfeita?”. A resposta da adolescente foi um sorriso macabro – atitude que deixou até investigadores experientes profundamente abalados.
Em depoimento, a adolescente confessou que o assassinato foi encomendado pela facção ADM, à qual devia altas quantias em dinheiro. Além disso, revelou que sua mãe já ameaçava denunciá-la – e aos criminosos – à polícia, o que teria acelerado o plano de execução. A jovem teria usado o álibi de querer “sair do crime” para enganar a mãe e levá-la ao local do assassinato.
O caso rapidamente ganhou repercussão nacional e tem sido chamado nas redes sociais de “Richthofen baiana”, em referência ao crime de 2002 em que Suzane von Richthofen planejou o assassinato dos pais com a ajuda do namorado e do cunhado.
A adolescente está internada provisoriamente em uma unidade socioeducativa em Santa Cruz Cabrália. A polícia segue em busca do namorado dela, principal executor do crime, além de outros dois integrantes da facção ADM envolvidos na emboscada. As investigações apontam que a organização criminosa tem atuado fortemente no sul da Bahia, cooptando menores e impondo uma rotina de violência e medo nas comunidades.
Yane deixa familiares, amigos e uma cidade inteira em estado de choque. Era conhecida por ser uma mãe dedicada, que lutava para manter a filha longe do tráfico. Seu desejo de resgatar a filha terminou de forma trágica e cruel, revelando os riscos enfrentados por muitas mães em contextos de vulnerabilidade social.
Enquanto a Justiça segue seu curso, o caso acende um alerta sobre o poder destrutivo das facções e a necessidade de políticas públicas voltadas à juventude, educação e segurança. Mais do que uma tragédia familiar, o assassinato de Yane Matos expõe um drama social cada vez mais comum: adolescentes capturados pelo crime e famílias destruídas por dentro.