A nova mania entre adultos e adolescentes no Brasil tem preocupado especialistas. Os chamados “bebês reborn” — bonecas hiper-realistas que imitam com perfeição recém-nascidos — viraram febre em diversas regiões do país. No entanto, psicólogos fazem um alerta: a prática, se não for apenas um hobby saudável, pode evoluir para algo preocupante, especialmente quando há perda de contato com a realidade.
De acordo com profissionais da área da saúde mental, brincar de boneca, mesmo na fase adulta, não é, por si só, um problema. O alerta é sobre casos em que o envolvimento emocional com o boneco se torna excessivo, substituindo relações sociais reais e interferindo no dia a dia da pessoa. “É importante observar quando o afeto dedicado a um objeto inanimado começa a substituir interações humanas. Esse comportamento pode indicar quadros de ansiedade, depressão ou outros transtornos emocionais”, explicou a psicóloga clínica Carolina Silva.
O que são bebês reborn?
Os bebês reborn são bonecas artesanais feitas para se parecerem com bebês reais, com detalhes impressionantes, como veias aparentes, textura de pele, peso semelhante ao de um recém-nascido e até cheiro de talco de bebê. Cada peça é única e pode levar semanas para ser finalizada, utilizando técnicas específicas de pintura e montagem.
Originalmente criados nos Estados Unidos na década de 1990, os reborns chegaram ao Brasil e rapidamente conquistaram um público apaixonado. Muitos donos de bebês reborn afirmam que os bonecos oferecem conforto emocional, ajudam no luto pela perda de um filho ou servem como uma ferramenta terapêutica para casos de ansiedade.
Contudo, psicólogos alertam que, se não houver acompanhamento adequado, a prática pode agravar quadros de isolamento social, dificultar o enfrentamento de perdas reais ou ainda perpetuar fantasias que afastam o indivíduo do convívio social saudável.
Quando buscar ajuda?
Segundo especialistas, é hora de buscar apoio psicológico quando o apego ao bebê reborn ultrapassa o simples colecionismo ou hobby. “Se a pessoa começa a tratar o boneco como um ser vivo, evitando interações sociais, negligenciando obrigações cotidianas ou apresentando sofrimento emocional intenso ao se separar do objeto, é fundamental procurar ajuda”, orienta Carolina.
Apesar dos riscos apontados, os especialistas reforçam que, para muitas pessoas, os bebês reborn podem ter uma função positiva, como uma válvula de escape emocional ou uma forma de expressão artística. A chave está no equilíbrio e na capacidade de distinguir a fantasia da realidade.
A febre dos bebês reborn acende um importante debate sobre saúde mental no Brasil, destacando a necessidade de olhar com atenção para novas tendências comportamentais e seus impactos emocionais.