Uma força-tarefa envolvendo a Polícia Federal, a Polícia Civil e o Ministério Público deflagrou uma grande operação nesta terça-feira (13) contra uma fábrica clandestina de cigarros no estado do Rio de Janeiro. O local, ligado à quadrilha do contraventor Adilson de Souza Coutinho, o Adilsinho, estava sendo utilizado para a produção ilegal de cigarros e também como cativeiro de trabalhadores em situação análoga à escravidão.
Durante a ação, 22 cidadãos paraguaios foram resgatados em condições degradantes de trabalho. Os estrangeiros estavam confinados no galpão da fábrica, sem acesso a documentos, com alimentação precária e trabalhando em turnos exaustivos. De acordo com os investigadores, as vítimas eram coagidas a permanecer no local sob vigilância constante e sem qualquer tipo de remuneração justa ou liberdade de ir e vir.
Cinco brasileiros suspeitos de atuarem na segurança e coordenação do esquema criminoso foram presos em flagrante. As investigações apontam que todos eles têm ligação direta com o esquema de lavagem de dinheiro da máfia dos cigarros no Rio, comandada por Adilsinho, que já é investigado por outros crimes relacionados à contravenção e ao crime organizado.
A fábrica clandestina era equipada com maquinário de alto custo e tinha capacidade de produzir milhares de maços de cigarros por dia. O produto, sem qualquer controle sanitário ou autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), era distribuído no mercado paralelo em diversas cidades do estado, gerando lucros milionários para a organização criminosa.
A operação é parte de uma investigação maior que mira o braço financeiro do grupo de Adilsinho, com foco especial em empresas de fachada, falsificação de produtos e trabalho escravo. De acordo com a Polícia Federal, além das prisões e do resgate dos trabalhadores, documentos e equipamentos foram apreendidos e serão analisados para rastrear o fluxo de dinheiro ilegal.
A situação dos trabalhadores resgatados agora será acompanhada pelo Ministério do Trabalho e por órgãos de apoio às vítimas do tráfico de pessoas. Eles receberão abrigo temporário, alimentação, assistência jurídica e terão a situação migratória regularizada.
As autoridades destacam que a operação é um importante passo no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, que se utiliza de estruturas empresariais criminosas para enriquecer às custas da exploração humana e da violação das leis brasileiras. Novas fases da investigação devem ocorrer nos próximos dias.