O governo brasileiro manifestou profundo pesar pelo falecimento do ex-presidente do Uruguai, José Alberto “Pepe” Mujica, ocorrido nesta terça-feira (13). Em nota oficial divulgada pelo Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores prestou homenagem a um dos líderes mais carismáticos e respeitados da América Latina, exaltando seu papel fundamental na integração regional e seu legado como humanista.
Segundo o comunicado, Mujica foi um “grande amigo do Brasil” e um entusiasta declarado da união entre os países sul-americanos. Durante sua trajetória política, destacou-se como um dos principais defensores de blocos como o Mercosul, a Unasul e a Celac, sempre promovendo o diálogo e a cooperação entre as nações latino-americanas.
“Grande amigo do Brasil, o ex-Presidente Mujica foi um entusiasta do Mercosul, da Unasul e da Celac, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época. Seu compromisso com a construção de uma ordem internacional mais justa, democrática e solidária constitui exemplo para todos e todas”, afirma o trecho inicial da nota.
O Itamaraty também relembrou com destaque a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Montevidéu, em dezembro do ano passado. Na ocasião, Lula prestou uma homenagem pessoal a Mujica, condecorando-o com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul — a mais alta honraria brasileira concedida a cidadãos estrangeiros.
A entrega da comenda simbolizou o reconhecimento oficial não apenas à trajetória política de Mujica, mas ao seu modo de vida simples, ao seu discurso em defesa dos marginalizados e à sua capacidade de inspirar líderes e cidadãos em toda a América Latina.
“O legado de ‘Pepe’ Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações”, conclui a nota do Ministério das Relações Exteriores.
Conhecido mundialmente por sua humildade e retórica direta, Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015 e ficou marcado por políticas sociais progressistas, bem como por sua vida austera — dispensando luxos e vivendo em uma pequena chácara nos arredores de Montevidéu, mesmo durante o seu mandato presidencial. Seu estilo de vida e sua visão política coerente com suas ações o transformaram em uma figura admirada dentro e fora do cenário político.
O falecimento de Mujica representa uma perda significativa para o continente sul-americano, que hoje se despede de um de seus maiores ícones. Para o Brasil, sua memória seguirá viva como símbolo da solidariedade entre os povos e da luta por justiça social.
A nota do Itamaraty ecoa o sentimento de milhares de brasileiros e latino-americanos que viram em Mujica um líder diferente, um homem de princípios, que soube unir firmeza política com compaixão, e que jamais abriu mão de suas convicções em nome do bem comum.
A América Latina hoje chora a perda de um dos seus mais autênticos representantes. Mas o exemplo de Pepe Mujica continuará a inspirar gerações, como lembrou o governo brasileiro em sua nota: um mundo mais justo, democrático e solidário é possível — e ele dedicou sua vida a essa causa.