A terça-feira foi dia de faxina e de contabilizar os prejuízos para um grupo de moradores da Estrada do Lameirão, em Santíssimo. Eles são vizinhos da tubulação de uma adutora da Cedae que rompeu no início da noite de ontem formando uma cachoeira que atingiu cerca de dez metros de altura e inundou 21 casas.
É o segundo acidente semelhante com a mesma adutora em pouco mais de um ano. No começo de janeiro de 2017 outra tubulação se rompeu na altura do número 800. Na ocasião, pelo menos 15 famílias tiveram as casas invadidas pela água.
O acidente desta segunda-feira foi na entrada do Condomínio Morada do Lameirão, altura do número 488. Os moradores contaram que o rompimento ocorreu por volta das 18h30, mas a água só parou de vazar por volta das 22 h.
— Estava dentro de casa assistindo TV, ouvi o barulho e vim pra fora ver o que era. A água subia a uma altura de uns oito metros ou mais e rápido chegou aqui em casa. Voltei para dentro e fui tentar salvar minhas coisas, mas não deu tempo — relatou o aposentado Antônio Soares da Silva Neto, de 71 anos, que há 12 anos mora numa casa a cerca de 50 metros da tubulação em companhia da mulher, Josefa dos Prazeres da Silva, de 76.
O casal perdeu quase tudo, de móveis e eletrodomésticos a roupas e mantimentos. Na manhã desta terça-feira a família fazia um mutirão de limpeza, munidos de vassouras, rodo e pano de chão. A contabilização das perdas ficou para depois da faxina.
— Estamos sem luz ainda, por isso não dar para saber se a máquina de lavar e a geladeira foram danificadas. Nunca vivenciamos isso antes. Foi a primeira vez. Espero que a Cedae faça o ressarcimento — afirmou a recepcionista Márcia Prazeres da Silva de Alvarenga, de 43 anos, moradora em Campo Grande.
Para Andrea Figueiredo, de 42 anos, o prejuízo vai além da perda de móveis e eletrodomésticos. A moradora que trabalha com festas perdeu também quase todo o material de trabalho, incluindo pratos talheres, copos, toalhas, tecidos e decoração e capas para cadeiras, além de uma agenda com os contatos dos clientes.
— Trabalho fornecedores material para buffet, como terceirizada. Tinha um casamento agendado para o sábado que não vai dar mais para fazer — lamentou a moradora que disse ter mais cinco festas agendadas que vai ter que dispensar.
Só com estas festas ele estima que vai deixar de ganhar cerca de R$ 12 mil. Após pedir ressarcimento das perdas com o estouro da tubulação, ela pensa recorrer à justiça, pedindo indenização pelos trabalhos que deixar de realizar.
— Tudo o que tinha foi investido aqui. Não tenho de onde tirar mais para comprar material. Só uma toalha custa R$ 50 e preciso de 50. Capa de cadeira custa R$ 20 e preciso de 500 e por aí vai — exemplificou.
Enquanto ou equipe de operários cobria o buraco e fazia reparos no asfalto, um outro grupo percorria as casas atingidas para fazer um levantamento dos prejuízos dos moradores. Um representante do departamento jurídico da empresa que acompanhava explicou que, para serem ressarcidos, os moradores devem se dirigir à sede da empresa, na Avenida Presidente Vargas, no Centro, levando documento de identidade, CPF, a relação dos bens atingidos e pelo menos três orçamentos. Ele garantiu que a indenização é paga em até 30 dias a contar da data de entrega do pedido.
Uma equipe da Comlurb fazia a limpeza a rua e outra da Vigilância Sanitária orientava os moradores sobre os riscos de contaminação.