Na madrugada deste sábado (17), moradores da região do Catiri, em Jardim Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, viveram momentos de tensão e medo. De acordo com relatos de residentes locais, um grupo fortemente armado, ligado ao traficante conhecido como RD — integrante de destaque do Comando Vermelho (CV) — invadiu a comunidade e expulsou milicianos que atuavam na área.
Segundo testemunhas, os criminosos vestiam roupas táticas semelhantes às utilizadas por forças policiais, o que causou confusão e temor entre os moradores, que inicialmente acreditavam se tratar de uma operação oficial. “Eles estavam com fardamento preto, coturnos e armamento pesado. Era impossível saber se eram policiais ou bandidos. Foi um pânico geral”, contou um morador, sob anonimato.
A ação violenta teria começado ainda na madrugada, por volta das 2h, quando diversos tiros foram ouvidos em diferentes pontos da comunidade. Muitos moradores precisaram se abrigar dentro de casa e relataram que não conseguiram dormir devido à intensa troca de tiros. “Foram mais de duas horas de tiroteio. Foi desesperador”, disse outra moradora da região.
O Catiri vinha sendo dominado por milicianos há anos, com denúncias frequentes de extorsão a comerciantes, cobranças de taxas ilegais, controle sobre serviços como TV a cabo clandestina e até mesmo o fornecimento de gás e internet. A entrada do tráfico, no entanto, marca uma mudança drástica no controle territorial e pode representar o início de uma nova fase de confronto armado entre facções rivais na Zona Oeste.
Até o momento, não há confirmação oficial por parte da Polícia Militar ou da Secretaria de Segurança Pública sobre a operação ou confronto. Também não há informações sobre mortos, feridos ou prisões.
Moradores agora temem represálias e a possibilidade de novos confrontos entre traficantes e milicianos, já que a disputa pelo território pode desencadear mais episódios violentos nos próximos dias.
A escalada da violência no Catiri reacende o debate sobre a presença do Estado em áreas dominadas por facções criminosas e milícias. A comunidade, mais uma vez, fica no meio do fogo cruzado, sem garantias de segurança e refém de grupos armados que disputam o poder às custas da vida da população.
As autoridades ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. A população pede por paz, segurança e ações concretas para retomar o controle da região.