A situação na Faixa de Gaza atinge níveis alarmantes. Segundo um comunicado devastador feito nesta segunda-feira (20) pelo diretor de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), Tom Fletcher, até 14 mil bebês podem morrer nas próximas 48 horas se a ajuda humanitária não chegar com urgência à região.
“Estamos diante de um cenário catastrófico e sem precedentes. Esses números não são apenas estatísticas: são vidas que estão prestes a se perder por causa da fome, da sede e da total ausência de cuidados médicos básicos”, afirmou Fletcher, visivelmente emocionado, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.
A declaração vem em meio a uma escalada de violência que já dura meses e tem isolado completamente a população civil da Faixa de Gaza. Hospitais estão em colapso, estoques de alimentos e medicamentos acabaram, e as famílias vivem em abrigos improvisados, sem acesso a água potável ou eletricidade.
O alerta da ONU reforça a urgência de um cessar-fogo imediato e da abertura de corredores humanitários para permitir a entrada de alimentos, água, vacinas e profissionais de saúde. Segundo Fletcher, “cada hora de atraso custa a vida de mais uma criança”.
Atualmente, milhares de recém-nascidos dependem de incubadoras, fórmulas infantis e antibióticos — insumos que simplesmente não existem mais em muitas regiões do território palestino. Relatos de profissionais de saúde locais revelam que mães estão tentando alimentar seus filhos com água contaminada ou restos de comida, expondo-os a infecções fatais.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) confirmou que a taxa de mortalidade infantil disparou nas últimas semanas, principalmente entre bebês prematuros e recém-nascidos com quadros de desnutrição severa. “Estamos vivendo uma emergência que pode se transformar em genocídio infantil diante da omissão internacional”, declarou Catherine Russell, diretora do Unicef.
A comunidade internacional, pressionada por esse novo alerta, começa a reagir. Países como Egito, Jordânia e Qatar tentam negociar a abertura de pontos de passagem para comboios humanitários. No entanto, a instabilidade política e os ataques contínuos dificultam a chegada segura desses recursos às áreas mais afetadas.
Tom Fletcher finalizou seu pronunciamento com um apelo direto: “Estamos diante de um relógio em contagem regressiva para a morte de milhares de bebês. O mundo não pode continuar assistindo em silêncio. Se nada for feito nas próximas 48 horas, o que restará será apenas arrependimento — e sepulturas”.
Enquanto isso, o povo de Gaza, especialmente os mais vulneráveis, continua à espera da esperança. Uma esperança que, para muitos, pode já estar tarde demais.