Uma tragédia chocou a Zona Sul do Rio de Janeiro na noite da última terça-feira (20). Dayane de Jesus, uma jovem de apenas 22 anos, sofreu um mal súbito enquanto treinava em uma academia no bairro de Copacabana. A estudante, que cursava Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não resistiu e morreu ainda no local. O estabelecimento foi interditado pela Polícia Civil por descumprimento de normas administrativas relacionadas ao atendimento emergencial.
Segundo testemunhas, não havia um desfibrilador no local — equipamento essencial e exigido por lei em ambientes como academias, justamente para atender situações como a que vitimou Dayane. Um dos frequentadores que tentou prestar os primeiros socorros era médico e chegou a solicitar o aparelho, mas foi informado de que não havia nenhum disponível.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que alguns homens tentam auxiliar a jovem. A cena é desesperadora e evidencia a falta de estrutura básica para emergências em um local onde atividades físicas intensas são rotina.
A ausência do equipamento obrigatório resultou na imediata interdição da academia na tarde de quarta-feira (21). A Polícia Civil encaminhou a documentação do caso à Prefeitura do Rio, responsável por aplicar a multa prevista em lei. Além disso, a polícia continua ouvindo testemunhas e investigando a possível negligência por parte da administração do local.
Desde 2021, uma legislação estadual determina que centros de treinamento físico tenham, para uso imediato, ao menos um desfibrilador em funcionamento. A regra foi reforçada em 2022, com uma nova lei que não apenas ampliou a lista de locais obrigados a possuir o equipamento, como também determinou que os funcionários fossem capacitados para operá-lo de forma correta e eficiente.
“Independentemente de ela ter ou não um problema congênito, precisamos apurar se a presença de um desfibrilador teria feito a diferença entre a vida e a morte. É isso que vamos investigar”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Angelo Lages.
Amigos e familiares de Dayane estão inconsoláveis com a perda precoce. Rafael D’Ávila, amigo próximo da jovem, fez um emocionante desabafo. “Ela estudou no Pedro II, passou para a UFRJ. Era uma menina periférica, de origem humilde, que com muito esforço conquistou uma vaga em um curso com uma das maiores notas de corte do país. Já estava no último período da faculdade. Era uma grande mulher, muito orgulhosa do caminho que construiu. Os pais dela têm muito do que se orgulhar.”
Ainda segundo relatos de amigos, Dayane possuía histórico de problemas cardíacos, mas mantinha todos os seus exames em dia e tinha autorização médica para praticar atividades físicas. Sua morte reabre o debate sobre a responsabilidade de academias e outros estabelecimentos voltados ao bem-estar físico em garantir o mínimo de estrutura para preservar vidas.
A tragédia serve como alerta para que medidas preventivas sejam reforçadas. A presença de um desfibrilador pode ser a diferença entre salvar uma vida e registrar uma fatalidade. O caso de Dayane de Jesus mostra, com tristeza, que o descaso com a legislação custa caro — e, neste caso, cobrou a vida de uma jovem promissora que tinha um futuro brilhante pela frente.