Em meio aos desafios diários de cuidar de um ente querido com Alzheimer, uma filha encontrou uma solução inesperada e emocionante para amenizar o sofrimento da mãe: um bebê reborn. A técnica, ainda pouco conhecida por muitos, tem se mostrado eficaz no cuidado de idosos com demência, oferecendo conforto, segurança e um novo propósito de interação.
“Se minha mãe está agitada, atrofiando as mãos, peço que vejam se ela precisa de algo: água, fralda… Mas, muitas vezes, só o toque da boneca a acalma”, conta a filha, emocionada. Segundo ela, o contato com o bebê reborn transforma completamente o estado emocional da mãe, que volta a sorrir e se conectar com o mundo ao seu redor.
Os bebês reborn são bonecas extremamente realistas, feitas artesanalmente para se parecerem com recém-nascidos de verdade. O realismo e a textura do material despertam sensações emocionais e táteis que ajudam a estimular memórias afetivas, principalmente em pessoas com Alzheimer, que muitas vezes acessam lembranças antigas com mais facilidade do que fatos recentes.
No caso da mãe da cuidadora, o bebê reborn passou a ser mais do que um objeto: tornou-se uma companhia constante. Quando surgem crises de agitação, ansiedade ou tristeza, a presença da boneca parece trazer de volta um sentimento de cuidado, como se a paciente estivesse novamente vivendo o papel de mãe. “Ela a pega no colo, acaricia, fala baixinho, como se fosse mesmo um bebê. A mudança de humor é quase imediata”, explica a filha.
Especialistas em geriatria e psicologia têm estudado os efeitos terapêuticos dos bebês reborn e apontam benefícios significativos. A chamada “terapia da boneca” ajuda a reduzir episódios de agressividade, melhora a coordenação motora fina, estimula a fala e diminui o uso de medicamentos ansiolíticos. Mais do que isso, oferece dignidade e bem-estar emocional para pacientes que, em muitos casos, se sentem confusos e isolados.
Apesar de ainda enfrentar preconceitos, a prática vem ganhando espaço em casas de repouso e no cotidiano de famílias que lidam com doenças neurodegenerativas. Para a filha que adotou o bebê reborn como ferramenta de cuidado, o que importa é ver a mãe serena e feliz, mesmo que por instantes.
“Não é só uma boneca. É uma ponte entre o amor que ela deu a vida inteira e o que agora podemos devolver com carinho”, finaliza.