Em menos de cinco anos, três nomes de peso da alta hierarquia do Comando Vermelho — facção criminosa que domina boa parte do tráfico de drogas no Rio de Janeiro — tiraram a própria vida em circunstâncias que, para muitos, vão além da explicação lógica. O que poderia estar acontecendo dentro dos bastidores da facção mais temida do estado? Coincidência? Pressão psicológica? Ou algo ainda mais sombrio e macabro?
O primeiro caso, em 2020, chocou até os criminosos mais experientes. Elias Maluco, um dos líderes mais notórios do tráfico carioca, foi encontrado morto dentro da cela onde cumpria pena em segurança máxima. Envolvido no brutal assassinato do jornalista Tim Lopes, Elias tinha forte influência no Complexo da Penha. Segundo o laudo oficial, ele se enforcou com um lençol. O motivo? Nunca ficou claro. Amigos próximos, familiares e até membros da facção afirmaram que ele jamais demonstrou intenção de se matar. Sua morte gerou uma onda de silêncio e medo, como se algo oculto tivesse começado ali.
No mesmo ano, poucos meses depois, outro nome de peso seguiu o mesmo destino. Mika, também conhecido como MK, tinha papel estratégico no tráfico do Complexo da Penha. Assim como Elias, foi encontrado morto em circunstâncias semelhantes. Dois suicídios seguidos de homens que, até então, eram símbolos de poder, frieza e controle absoluto? Muitos não compraram essa narrativa. Vozes dentro da própria facção passaram a sussurrar sobre “uma força invisível” que estaria caçando mentes-chave da organização — algo que ultrapassa o mundo do crime comum.
Cinco anos depois, o terror volta a bater à porta do Comando Vermelho. Em 2025, o criminoso conhecido como “Professor” — influente no Complexo do Alemão e tido como um dos cérebros logísticos da facção — foi encontrado morto. Mais uma vez, suicídio. Mais uma vez, silêncio absoluto entre os comparsas. O medo se espalhou. Alguns já falam em maldição. Outros, em conspiração. Há quem diga que esses homens sabiam demais, estavam envolvidos em pactos ocultos ou tinham acesso a segredos que jamais poderiam ser revelados.
Dentro das comunidades dominadas pela facção, moradores contam histórias de pesadelos recorrentes, vultos à noite e uma sensação opressora que se instalou desde o primeiro suicídio. “Eles brincaram com coisas que não deviam”, diz uma moradora do Complexo da Penha, pedindo anonimato. “Agora estão pagando o preço.”
Especialistas em segurança pública acreditam que os três casos podem ter relação com as pressões constantes dentro da cadeia hierárquica do CV, onde traições, paranoia e ameaças internas são rotina. Mas mesmo os mais céticos admitem que a sequência dos suicídios, todos envolvendo figuras de altíssimo escalão, é no mínimo perturbadora.
A polícia investiga, mas dentro do Comando Vermelho, a palavra é uma só: medo. Medo de que o próximo a ser encontrado enforcado seja alguém ainda mais importante. Medo de que o que está matando esses homens não seja algo que se possa prender, julgar ou deter.
Uma coisa é certa: o terror não está apenas nas ruas. Está infiltrado na alma da própria facção. E talvez, já seja tarde demais para escapar dele.
