Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro revelou o motivo pelo qual não participou da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro de 2023. Segundo Bolsonaro, ele optou por não passar a faixa presidencial ao sucessor por receio de ser vaiado.
A declaração foi feita durante um dos interrogatórios no âmbito das investigações sobre supostos atos antidemocráticos e tentativas de deslegitimação do processo eleitoral. O ex-presidente justificou sua ausência como uma “decisão pessoal”, motivada pelo ambiente político hostil que, segundo ele, poderia resultar em constrangimento público.
“Não fui por medo de ser vaiado”, afirmou Bolsonaro, em tom direto. A ausência dele na cerimônia oficial marcou a primeira vez, desde a redemocratização, que um presidente eleito não recebeu a faixa presidencial diretamente do antecessor.
Na época, Lula recebeu a faixa de representantes da sociedade civil em uma cerimônia simbólica no Palácio do Planalto, transmitida ao vivo para todo o país. O gesto foi interpretado por apoiadores do novo governo como um sinal de força coletiva e, por críticos de Bolsonaro, como um ato de desrespeito à democracia.
A revelação de Bolsonaro reforça a tese de que sua saída do país, na véspera da posse, foi planejada para evitar desgaste político e manifestações negativas. O depoimento pode ter impacto nos processos em curso que apuram sua conduta antes, durante e após as eleições de 2022.
A declaração gerou novas críticas de opositores e reações nas redes sociais, onde muitos classificaram a justificativa como “covarde” e “antirrepublicana”.