As relações diplomáticas entre Brasil e Israel enfrentam um novo momento de tensão. Em entrevista exclusiva ao portal Metrópoles, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, fez duras críticas à postura do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao recente ataque israelense contra alvos no Irã.
Zonshine afirmou que existem “divergências claras” entre os dois países sobre o conflito envolvendo Teerã, e acusou o governo brasileiro de ignorar o contexto e a gravidade da ameaça representada pelo programa nuclear iraniano. A entrevista foi concedida em meio a uma onda de críticas internacionais às ações de Tel Aviv, que justificou os bombardeios como medida de “legítima defesa”.
“O governo brasileiro condenou os ataques sem levar em consideração o risco iminente. Israel agiu no último momento possível, quando o Irã estava prestes a concluir seu programa nuclear. A ação foi necessária para proteger nosso povo”, afirmou o diplomata.
Brasil condena, Israel rebate
Na semana passada, o Itamaraty publicou uma nota oficial condenando “de forma veemente” os ataques de Israel, classificando-os como uma escalada perigosa no Oriente Médio e um risco à estabilidade global. A nota também pedia moderação por parte de Tel Aviv e reforçava a importância do diálogo internacional.
A resposta israelense veio rapidamente. Para Zonshine, a posição do governo brasileiro demonstra um “desalinhamento com a realidade da região” e sugere que o Brasil está “desconsiderando o direito de defesa” de um país ameaçado por um regime que, segundo ele, “abertamente prega a destruição de Israel”.
“Lula não fala por todos os brasileiros”
Em tom firme, o embaixador destacou que não acredita que a opinião do governo federal represente o sentimento de toda a população brasileira. “Há muitos brasileiros, inclusive parlamentares e representantes de instituições, que manifestaram apoio a Israel. Isso mostra que a posição oficial não é unânime”, declarou Zonshine.
O comentário foi interpretado por analistas como uma tentativa de deslegitimar a posição do governo brasileiro e jogar luz sobre a divisão interna no país sobre o tema. Em Brasília, parlamentares da base do governo reagiram à fala com críticas, afirmando que se trata de uma “ingerência inaceitável nos assuntos internos do Brasil”.
Contexto do ataque
Segundo autoridades israelenses, o ataque ao Irã teve como alvo instalações supostamente ligadas ao programa nuclear iraniano. A operação, descrita como cirúrgica, foi planejada com base em informações de inteligência que indicavam uma ameaça iminente. O Irã, por sua vez, nega qualquer intenção militar em seu programa nuclear e classificou a ação israelense como uma agressão não provocada e ilegal.
A tensão entre os dois países aumentou após a divulgação de imagens que mostrariam movimentações militares israelenses em pontos estratégicos do Oriente Médio. Líderes globais, incluindo representantes da ONU e da União Europeia, pediram cautela e reforçaram a necessidade de mediação diplomática.
Impactos nas relações Brasil-Israel
O posicionamento do governo Lula deve provocar repercussões nas relações bilaterais com Israel. Nos bastidores, diplomatas brasileiros admitem que o clima entre os países está “frio” e que há preocupação com possíveis desdobramentos econômicos e políticos.
Essa não é a primeira vez que Lula e o governo israelense se desentendem. Em outras ocasiões, o presidente brasileiro já criticou duramente a atuação de Israel em conflitos com o Hamas e em ações na Faixa de Gaza, o que gerou reações diplomáticas negativas de Tel Aviv.
Agora, com um cenário internacional cada vez mais volátil e imprevisível, a relação entre os dois países parece caminhar por um terreno ainda mais instável.