Em meio à crescente tensão internacional sobre o programa nuclear do Irã, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, declarou que não há evidências concretas de que Teerã esteja buscando construir uma arma nuclear. A declaração foi feita durante entrevista à CNN, no último dia 17 de junho de 2025, e repercutiu fortemente na diplomacia internacional.
Segundo Grossi, apesar das alegações feitas por países como Israel, que apontam que o Irã estaria a poucos dias ou semanas de alcançar a capacidade de fabricar uma bomba, a AIEA não identificou sinais claros ou sistemáticos de tal desenvolvimento. “Certamente, não era para amanhã. Talvez não fosse uma questão de anos… Mas isso é especulação”, afirmou ele, jogando dúvidas sobre a real urgência dos alertas.
Contudo, o chefe da AIEA também levantou um sinal de alerta importante: se houver instalações clandestinas ou atividades secretas fora do alcance dos inspetores, a agência não teria como detectá-las. Essa afirmação reforça o clima de incerteza e desconfiança que paira sobre o programa nuclear iraniano.
💢 Irã reage com indignação
A resposta de Teerã foi rápida e contundente. O Ministério das Relações Exteriores do Irã criticou duramente as declarações de Grossi, acusando-o de agir sob influência política. O porta-voz Esmaiel Baqaei afirmou que a AIEA está sendo usada como instrumento de potências como Estados Unidos e Israel, com o objetivo de fabricar acusações infundadas de “não conformidade” e, assim, justificar ações agressivas contra o país.
“A agência está agindo de forma tendenciosa para alimentar narrativas fabricadas”, declarou Baqaei, reforçando que o programa nuclear iraniano tem fins exclusivamente pacíficos e está em conformidade com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), do qual o Irã é signatário.
⚛️ Níveis de enriquecimento preocupam
Apesar de afirmar que não busca armamento nuclear, o Irã continua enriquecendo urânio a 60%, um nível muito superior ao estabelecido no acordo nuclear original. Para fins bélicos, o urânio precisa estar enriquecido a 90%, o que deixa a comunidade internacional em alerta.
A AIEA considera esse enriquecimento elevado um sinal preocupante, embora não conclusivo. Grossi reforçou que o papel da agência é monitorar com precisão e isenção, mas alertou que o acesso limitado e a falta de transparência por parte de Teerã prejudicam a verificação completa do programa nuclear.
🔎 Conclusão
A declaração da AIEA expõe uma situação ambígua e perigosa: não há provas de que o Irã esteja construindo uma bomba nuclear, mas a possibilidade de ações secretas não pode ser descartada. Enquanto isso, o país se diz vítima de uma campanha de difamação liderada por potências ocidentais. O impasse aumenta a tensão no Oriente Médio e reforça os riscos de novos confrontos diplomáticos — ou até militares — nos próximos meses.