O translado do corpo da jovem carioca Juliana Marins, morta tragicamente no exterior, tornou-se alvo de uma verdadeira disputa política no Brasil. O que deveria ser um ato de solidariedade e apoio à família enlutada se transformou em um palco de vaidades públicas, onde políticos e celebridades parecem mais interessados em visibilidade do que na dor da perda.
Tudo começou com a inesperada e generosa atitude do jogador Alexandre Pato. Em uma demonstração de empatia, ele se ofereceu para ajudar financeiramente a família de Juliana com os custos do translado, que giram em torno de R$ 400 mil. A notícia repercutiu nas redes sociais e emocionou milhares de brasileiros.
Horas depois, o prefeito de Niterói — cidade natal de Juliana — anunciou que a prefeitura arcaria com os custos para trazer o corpo da jovem de volta ao Brasil. O gesto, embora bem-visto por parte da população, já foi interpretado por muitos como uma tentativa de capitalizar politicamente em cima da tragédia.
Mas o episódio ganhou contornos ainda mais polêmicos quando veio à tona que a embaixada brasileira, inicialmente, havia recusado ajudar a família. Diante da indignação nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu intervir. Ele entrou em contato com o pai da jovem e determinou ao Itamaraty que prestasse toda a assistência necessária, incluindo o custeio do translado.
Essa reviravolta levantou questionamentos sobre a atuação do governo brasileiro em casos semelhantes e evidenciou uma tentativa de “limpar a imagem” após a falha diplomática inicial.
No meio de toda essa disputa, a dor da família parece ter ficado em segundo plano. A comoção pública é evidente. Muitos internautas comentaram que, caso os familiares tivessem criado uma vaquinha virtual, o valor seria rapidamente arrecadado — não por políticos ou celebridades, mas pela solidariedade genuína do povo brasileiro, que tem se mostrado cada vez mais unido diante de injustiças.
“Até quando a morte de uma jovem será usada como trampolim político?”, questiona um internauta. “Ninguém quer fama em cima da própria dor, só querem que o corpo da filha volte pra casa”, comentou outro.
A situação escancara um problema recorrente no país: o uso de tragédias pessoais para fins de autopromoção. O que deveria ser um momento de luto e respeito está sendo palco para discursos, postagens ensaiadas e promessas com tom de campanha eleitoral.
Enquanto isso, a família de Juliana Marins só quer enterrar sua filha com dignidade e paz. O Brasil assiste, indignado, ao espetáculo que se monta em cima de mais uma tragédia humana. E fica a pergunta no ar: quem realmente se importa com Juliana — e quem só quer aparecer?