Uma tragédia chocante expôs, mais uma vez, a face cruel da sociedade diante da dor silenciosa de quem é diferente. Adalberto, um jovem autista de apenas 17 anos, tirou a própria vida dentro de uma escola no bairro Jardim Maravilha, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso gerou comoção nas redes sociais e indignação pública após a divulgação de um vídeo que mostra colegas incentivando o ato fatal.
Adalberto era um adolescente introspectivo, doce e sensível, que vivia em seu próprio mundo — um lugar onde encontrava paz longe dos ruídos de uma sociedade que, frequentemente, não compreende nem acolhe as diferenças. Ele tinha diagnóstico de autismo e, segundo relatos de pessoas próximas, sofria bullying sistemático na escola.
No dia da tragédia, o jovem subiu em uma torre de caixa d’água nas dependências da escola. Enquanto ele demonstrava sinais claros de sofrimento psicológico, um grupo de colegas — em vez de tentar ajudá-lo — filmou a cena e o incentivou a pular. As imagens, que circulam nas redes, mostram a perversidade daqueles que deveriam ser apenas adolescentes, mas se tornaram cúmplices de uma tragédia irreversível.
O silêncio de Adalberto era um pedido de socorro. O despreparo das instituições, a negligência de parte dos educadores e a ausência de políticas eficazes de inclusão e proteção dentro das escolas contribuíram para esse desfecho devastador. Em vez de proteção, o jovem encontrou zombarias. Em vez de acolhimento, escárnio. E, no momento mais crítico da sua vida, foi incentivado a acabar com tudo por aqueles que deveriam ser seus colegas.
A família de Adalberto está inconsolável. Amigos e parentes descrevem o adolescente como uma alma gentil, apaixonado por videogames, desenhos e por tudo o que lhe trazia conforto em meio a um mundo que não sabia lidar com sua sensibilidade.
Agora, o clamor é por justiça. Especialistas e juristas já levantam a possibilidade de responsabilização criminal dos adolescentes que incentivaram o ato. A Polícia Civil investiga o caso, e a Defensoria Pública do Estado foi acionada para acompanhar o inquérito. “Esses jovens que incentivaram o suicídio devem ser penalizados. O que fizeram não pode ficar impune”, disse um advogado da família.
A escola onde tudo aconteceu ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido. Alunos e professores estão abalados. A tragédia de Adalberto expõe não só a urgência de ações concretas contra o bullying, mas também a necessidade de políticas públicas voltadas à inclusão e proteção de alunos com deficiência.
Adalberto não deveria ter morrido. Ele deveria ter sido ouvido, amparado, respeitado. Mas o mundo, infelizmente, falhou com ele.
Descanse em paz, Adalberto. Que sua dor ecoe como um grito de alerta para que nenhuma outra criança ou jovem autista tenha o mesmo fim.