O tráfico de drogas no Rio de Janeiro viveu mais um capítulo sangrento e revelador neste início de julho. O criminoso conhecido como Filhão, apontado como um dos chefes do Morro do Urubu, em Pilares, e integrante do Comando Vermelho (CV), foi julgado e executado pelo “tribunal do tráfico” da própria facção.
Segundo informações obtidas por fontes ligadas à criminalidade local, Filhão era acusado de desviar dinheiro da facção e de atuar como informante (x9). A desconfiança aumentou após uma série de ações do grupo rival TCP (Terceiro Comando Puro), que atua no Complexo da Serrinha, em Madureira.
De acordo com denúncias, todos os ataques do TCP ao Morro do Urubu vinham sendo bem-sucedidos, resultando na apreensão de armas, drogas e na morte de integrantes do CV. Essa “precisão cirúrgica” dos rivais levantou suspeitas internas de que alguém estaria passando informações privilegiadas — e o nome de Filhão começou a circular com força entre os próprios aliados.
A facção então decidiu aplicar seu “tribunal interno”, prática comum entre criminosos para julgar e punir membros que quebram as “regras” do tráfico. Filhão foi sentenciado à morte.
O corpo do traficante foi desovado nos acessos do Morro da Primavera, em Cavalcanti, comunidade sob domínio do TCP — o que sugere que a execução pode ter sido usada como uma espécie de mensagem ou provocação à facção rival.
Um detalhe que chama a atenção é que Filhão era marido da “influenciadora” Brendinha, conhecida nas redes sociais por ostentar uma vida de luxo e por fazer vídeos polêmicos. Até o momento, Brendinha não se pronunciou sobre a morte do companheiro.
O caso escancara, mais uma vez, o clima de paranoia, traição e violência extrema que domina os bastidores das facções criminosas no Rio de Janeiro. A guerra entre CV e TCP segue intensa, com territórios sendo disputados a cada dia — e com membros sendo eliminados não só pelos inimigos, mas pelos próprios “parceiros de farda”.
A Polícia Civil investiga o caso, mas, como ocorre em boa parte desses crimes ligados ao tráfico, o silêncio e o medo imperam nas comunidades.